Título: Petrobrás quer mais brasileiros como acionistas
Autor: Barbosa, Alaor
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/03/2007, Economia, p. B8

A Petrobrás quer aumentar o número de investidores brasileiros interessados em suas ações para contrabalançar o crescente interesse dos investidores internacionais pelos papéis da estatal. A estratégia foi definida pelo gerente-executivo de relações com investidores da Petrobrás, Raul Campos, em palestra na PUC do Rio de Janeiro. Campos mostrou que a participação de investidores estrangeiros é crescente, desde que o governo fez a colocação de ações no mercado internacional, em julho de 2000.

Na época, a participação dos estrangeiros, por meio das ADRs (American Depositary Receipts, os recibos de ações negociadas no mercado americano) era de 9,5% do capital da empresa, subindo para 26,4% em 2001, 31,2% em dezembro de 2003 e atingindo 40,9% no mês passado.

Com isso, os investidores estrangeiros já têm mais papéis da empresa brasileira do que os próprios investidores brasileiros, já que 40% das ações estão em poder do governo e apenas 20% entre os minoritários nacionais. Como os fundos de pensão e fundos de investimentos já estão praticamente nos limites máximos de compra de papéis da Petrobrás, a opção da empresa é ampliar a presença junto a investidores individuais.

DENTRO DOS LIMITES

O executivo considera que as oscilações dos preços das ações da Petrobrás nos últimos dias estão dentro dos limites considerados 'normais'. 'Todas as empresas de petróleo sofrem impactos com as mudanças nos preços do petróleo', lembrou Campos, ressaltando que não iria fazer comentários sobre a tendência de preços dos papéis da petroleira no curto prazo. Ele reiterou, porém, que a empresa continua com planos ambiciosos de aumento da produção para os próximos anos. 'Quem olha o horizonte de longo prazo, tem de considerar outros parâmetros', alertou.

Campos acredita que entre abril e maio a empresa atingirá a produção de 1,88 milhão de barris de petróleo por dia, o que estava previsto para ser alcançado em dezembro passado. 'Houve um atraso entre quatro a cinco meses, o que é natural na indústria do petróleo', comentou. O principal motivo, segundo Campos, foi no campo de Golfinho, no Espírito Santo, em que a produção ficou abaixo do previsto. 'Estamos furando um novo poço para aumentar a produção.'

ATRASO

O processo de contratação das plataformas P-55 e P-57 também está atrasado, conforme admitiu Campos. Esse atraso, porém, só traz impactos diretos para a empresa a partir de 2009 ou 2010. 'Entre a contratação e o início de operação há um intervalo de até três anos.'

Segundo ele, a empresa está renegociando os preços com os fornecedores, já que a Petrobrás considerou os custos muito acima do que seria 'razoável', na visão da estatal, com cada plataforma cotada em US$ 1,6 bilhão.

'Eles (os fornecedores) fizeram uma conta simples, considerando o aumento no preço do barril de petróleo. Como o petróleo subiu, eles aumentaram os preços das plataformas na mesma proporção. Nós não achamos isso razoável e agora estamos decompondo a plataforma, item por item, para chegar ao valor justo', complementou Campos.