Título: Investimento cai e fica abaixo de 20% do PIB
Autor: Brandão Junior, Nilson e Chiarini, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2007, Economia, p. B3

A taxa de investimento na economia brasileira é menor do que se calculava anteriormente. Até a nova metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o nível de investimentos estava na casa de 20% do Produto Interno Bruto (PIB). Os dados divulgados ontem mostraram que, em 2005, último ano divulgado para a nova série, a taxa era de 16,3% - ante 20,6% da série antiga.

Na prática, o País fica ainda mais distante das taxas que vinham sendo apontadas pelos economistas como necessárias para um crescimento acima de 5% ao ano. Para isso, o Brasil precisaria alcançar um nível de investimentos de 25% do PIB. Segundo o IBGE, a taxa de investimento caiu porque o PIB cresceu, na comparação com o cálculo anterior, e porque o tamanho da construção, que compõe os investimentos, estava superestimado.

Além das pesquisas anuais de serviços, indústria e comércio, o IBGE também agregou a Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic). Para efeito de comparação, o setor que representava 8,7% do PIB em 2000 passou a ter peso de 5,5% na nova série. A construção civil, que participava com quase 58,6% dos investimentos, agora tem peso de 43,5%.

A fatia das máquinas equipamentos dentro da chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que representa os investimentos dentro do PIB, saltou de 35,8% para 48,3%. A boa notícia é que o aumento das máquinas significa que os investimentos tendem a ser mais dinâmicos. Além disso, o IBGE constatou que cresceu a utilização de máquinas eletrônicas, em detrimento dos equipamentos mecânicos nos investimentos.

O diretor de Estudos Macroeconômicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Paulo Levy, acredita que 'a taxa de investimento necessária para se sustentar um crescimento mais elevado provavelmente também é mais baixa do que a gente pensava'. 'Os bens de capital tendem a aumentar mais a produtividade e essa composição da FBCF deixa o Brasil mais próximo dos outros países', afirmou.

Outro sinal positivo, para o economista Alex Agostini, da Austin Rating, é o fato de o País ter crescido 5,7% em 2004 com uma taxa de investimento de 16,1%. 'Crescimento maior com investimento menor revela forte ganho de produtividade.'