Título: Mantega festeja crescimento maior com Lula do que com FHC
Autor: Gobetti, Sérgio e Oliveira, Ribamar
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2007, Economia, p. B4

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, festejou os novos números do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ele disse que ficou provado que a economia cresceu mais no governo Lula que no de Fernando Henrique e agora o País pode voltar à condição de oitava maior economia do mundo.

¿Agora, G-8 é com o Brasil dentro¿, disse Mantega, ao se referir ao grupo que reúne as sete maiores economias do mundo mais a Rússia. Pelo cálculo da consultoria Austin Rating, no entanto, o PIB brasileiro passou a ser o 10º do mundo.

Com a revisão do IBGE, o valor em dólar do PIB brasileiro chegou a US$ 1,627 trilhão em 2005, se observado o critério de Paridade do Poder de Compra, usado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para comparar países com moedas diferentes. Esse valor é apenas U$ 40 bilhões menor que o PIB italiano, o oitavo do mundo. ¿Vamos passar folgado a Itália e nos aproximar do sétimo lugar, a França¿, disse Mantega.

A posição do Brasil no ranking das economias mundiais vai depender do resultado oficial do PIB de 2006, que o IBGE ainda não divulgou. Se for confirmada a previsão de que a economia brasileira cresceu 2,9% no ano passado, isso não será suficiente para superar a Itália, que cresceu 1,9% pelas estimativas preliminares. A diferença de 1% de crescimento encurtaria a distância para US$ 23 bilhões, desconsiderando as diferenças de inflação.

Apesar dessa indefinição, os números do IBGE mostram que a economia cresceu mais velozmente nos últimos quatro anos do que na gestão FHC.

Nos oito anos do governo Fernando Henrique, pelas novas estimativas, o crescimento foi de 2,3% em média. Entre 2003 e 2006, essa média deve subir para pelo menos 3,14%, de acordo com as estimativas do Ministério da Fazenda, ante 2,6% com a antiga metodologia.

De acordo com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o presidente ficou muito contente com as notícias, principalmente porque mostraram que eram injustas as críticas dos que falavam em ¿PIBinho¿ ao se referir ao crescimento do Brasil. ¿Com a revisão do IBGE, virou quase um PIBão¿, brincou.

Para Bernardo, o resultado é tão expressivo que afeta todos os indicadores da política econômica. ¿Mesmo com resultado melhor de crescimento, o PAC continua fazendo sentido¿, ponderou o ministro. ¿É preciso melhorar a infra-estrutura do País, o aspecto regulatório e aumentar os investimentos.¿

Entre tantos indicadores positivos, os dados do IBGE mostraram que a taxa de investimento do Brasil era menor do que se pensava. Em 2005, por exemplo, teria sido de 16,3% do PIB, não de 20,6%, como se imaginava. Mantega explicou que essa queda se deve à redução do peso da construção civil e mostra que a produtividade do capital cresceu, já que, mesmo com um investimento de 16,5% do PIB, o Brasil está crescendo a uma taxa de 3% ao ano.

¿Isso é um bom sinal porque mostra que a economia, com investimento menor, teve um crescimento maior, ou seja, teve aumento de produtividade¿, afirmou o ministro da Fazenda. Segundo ele, os novos dados revelam que o Brasil é mais eficiente que outras economias e pode atingir crescimento médio superior a 5% ao ano com uma taxa de investimento de 21% do PIB, que passa a ser a nova meta do governo. ¿Não vai dar para atingir 25% do PIB, mas podemos crescer até mais do que 5% ao ano se chegarmos a um investimento de 21%.¿

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse que a revisão do PIB é só um ajuste, que não muda o ânimo do governo e a perspectiva atual. Segundo ele, o governo está ¿olhando para a frente¿.