Título: Participação dos serviços cresce e da indústria cai
Autor: Dantas, Fernando e Brandão Junior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2007, Economia, p. B6

A estrutura produtiva do Brasil é diferente da que se pensava. O setor de serviços é maior do que se imaginava, respondendo por 64% da economia. A indústria ficou com 30,3%. A agropecuária, com 5,6%, também é menor do que se percebia.

Os números, referentes ao ano de 2005, são os mais recentes até agora e apareceram com a modificação da metodologia feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na pesquisa para apurar o Produto Interno Bruto (PIB). 'A pesquisa agora é mais abrangente', disse o presidente do IBGE, Eduardo Nunes.

Pela pesquisa anterior, em 2005 a indústria respondia por 37,9% da riqueza do País, a agricultura, por 8%, e os serviços, por 54,1%. Na semana que vem, o IBGE divulgará o PIB de 2006 pela nova metodologia.

Para o economista Edward Amadeo, da Gávea Investimentos, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e ex-ministro do Trabalho, a mudança na estrutura produtiva é positiva.

Ele não concorda com a tese de que o País está passando por um processo de desindustrialização. 'O setor de serviços está ligado à tecnologia. É uma área muito importante para a produtividade da economia', analisa.

Um dos motivos para o aumento dos serviços no PIB é o próprio crescimento econômico do setor. Os segmentos que mais se destacaram foram o grupo transportes, armazenagem e correio, que mais que dobrou a fatia no PIB, de 1,9% para 4,9%; comércio, que foi de 7,2% para 10,7%; e serviços de informação, cuja participação subiu de 2,9% para 4,2%.

EVOLUÇÃO

A última mudança de metodologia ocorreu em 1997 e a economia mudou muito desde então. Segundo o coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto, o subsetor de telecomunicações, por exemplo, evoluiu muito nos últimos anos com a telefonia móvel e a transmissão de dados.

O setor de serviços também foi o único a ter a expansão revista para cima em todos os anos de 2001 a 2005 com a nova pesquisa. Indústria e agropecuária tiveram as variações revistas tanto para cima quanto para baixo, dependendo do ano.

Nunes explicou que, em parte, o crescimento no setor de serviços reflete a passagem de alguns segmentos antes contados pelo IBGE como industriais, seguindo a tendência de terceirização. 'Por exemplo, serviços de helicópteros para transporte da Petrobrás: isso aparecia na pesquisa em indústria. Mas é outra empresa que faz isso, que presta serviço à Petrobrás. E agora aparece em serviços', disse Nunes.