Título: Projeções para 2007 podem até superar 4%
Autor: Dantas, Fernando e Brandão Junior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2007, Economia, p. B6

As projeções de crescimento da economia em 2007 devem subir em conseqüência da nova metodologia das Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e podem se situar em torno de 4% ou mais. Na última rodada semanal de coleta de previsões do mercado pelo Banco Central (BC), a média das previsões para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) ficou em 3,5%.

'Pelo andar da carruagem, pode chegar acima de 4% em 2007', diz Alexandre Schwartsman, economista-chefe do ABN Amro para a América Latina. Ele destaca, porém, que projeções mais seguras terão de esperar a divulgação das séries trimestrais e dos números de 2006 pela nova metodologia, na próxima semana.

Uma das razões apresentadas pelos analistas para justificar o maior otimismo com 2007 é que o crescimento de 2006 também deve ser revisto. E há consenso de que a economia está mais acelerada do que no ano passado. Assim, se em 2006 o PIB cresceu mais que os 2,9% apurados pelo IBGE na antiga metodologia, a expansão do PIB em 2007 também deve ser maior que a projeção de 3,5% baseada nos dados anteriores. Por enquanto, o IBGE só divulgou os novos números do PIB de 2000 a 2005.

Como o maior crescimento deriva do setor de serviços e é influenciado pelo consumo, comércio e crédito, os analistas acham que a tendência de substanciais revisões, que ocorreu em todos os anos de 2002 a 2005, também deve prevalecer em 2006. 'As informações levam a crer que 2006 também foi bom em consumo e comércio e pode ser que o número seja algo como 3,5%', diz Sérgio Valle, da MB Associados. Se isso ocorrer, ele continua, 'em 2007 e pode ficar perto de 4%'.

Schwartsman nota que, a partir de 2002, houve revisões de pelo menos 0,6 ponto porcentual para cima em todos os anos. A economista Zeina Latif, que trabalha com Schwartsman no ABN Amro em São Paulo, observa que o investimento deve crescer 8% em 2007, com impulsos tanto na construção civil como no setor de máquinas e equipamentos.

O aspecto negativo é que a taxa de investimentos é ainda mais baixa do que se pensava. Pela série antiga, foi de 19,3% em 2000, de 17,8% em 2003 e 20,6% em 2005. Na nova série, passou a 16,8% em 2000, 15,3% em 2003 e 16,3% em 2005.

'Essa taxa de investimentos mais baixa do que se pensava indica que a taxa de juros neutra (que mantém a economia em equilíbrio) é mais alta do que nós achávamos', comenta Nuno Câmara, economista do Dresdner Bank em Nova York.