Título: A firmeza e a serenidade
Autor: Signorelli, Carlos
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2007, Vida&, p. A20

Muitos de nós, que vivemos muito próximos da CNBB, já tínhamos uma mediana certeza da nomeação. Por isso, quando d. Lorenzo Baldisseri entrou ao final da missa, nesta quarta-feira, e ajoelhou-se por um tempo, esperando a bênção final, percebi que o anúncio seria feito ali. Olhei para d. Odilo e ele, sempre atento, estava de cabeça baixa. Fofoquei baixinho ao Geraldo, assessor para a Comissão Episcopal para o Laicato: ¿Ele veio anunciar que d. Odilo será o novo Arcebispo de São Paulo¿. Dito e feito!

Interessante o carinho com que foi tratado pelos funcionários e funcionárias da casa: flor, discurso, bolo. Sentiam-se felizes. Afinal, aquele ¿alemão¿ sempre os tratou com deferência e carinho, muito embora sempre comedido. Sua nomeação foi sentida como algo para eles.

D. Odilo é incansável. Sua produção é contínua. Não nega compromissos, mas assume-os com a força de sua representatividade como secretário-geral da CNBB. E nesse cargo, prima pela ortodoxia, quer seja aos Documentos do Magistério, quer seja aos Estatutos da CNBB. É preciso e firme em suas convicções e nas contestações não levanta a voz e nem desmerece o contestador. Defende-se, mas com a possibilidade de abrir mão. Basta ser convencido.

Durante esses últimos três anos, o organismo que representamos, o Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), teve sempre sua agenda aberta ao diálogo.

São Paulo, por si só, equivale a certos países. A complexidade da pastoral urbana é potencializada nessa megalópole pós-moderna. Da Igreja que está em São Paulo saem continuamente palavras e ações que envolvem a toda a Igreja no Brasil. Sua intelectualidade marca contínua presença.

E no que diz respeito ao laicato, não há como se reduzir o seu valor na imensa arquidiocese. Leigos e leigas que nas últimas quatro décadas aprenderam a viver o ser Igreja a partir de sua vocação laical; que ajudaram, e muito, a derrubar a ditadura militar; que nas comunidades periféricas ajudam a vivenciar a fé numa Igreja dos e a partir dos pobres. Em verdade, os leigos e leigas da grande Igreja paulistana têm plena convicção de que são co-responsáveis no processo evangelizador.

Por isso mesmo, quando o cumprimentei ainda na capela da CNBB, disse a d. Odilo: ¿Olhe com carinho para os leigos e leigas da Arquidiocese de São Paulo¿. E senti que assim será!