Título: Lula empossa mais três e consolida governo com dois coordenadores
Autor: Monteiro, Tânia e Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/03/2007, Nacional, p. A4

O governo do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhou ontem, cinco meses depois da reeleição, a cara definitiva: uma coalizão partidária (PT, PMDB, PTB, PP, PR, PSB e PC do B) e os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) como estrelas da Esplanada dos Ministérios.

O perfil do comando do novo governo ficou explícito na solenidade das posses, ontem, no Planalto, dos ministros Mares Guia (Relações Institucionais), Marta Suplicy (Turismo) e Reinold Stephanes (Agricultura). Marta, que levou claque para a cerimônia, foi muito aplaudida.

Para justificar a amplitude da coalizão, escolhendo até um ministro que começou a carreira na Arena - o que o PT nunca admitira -, Lula decretou: ¿Eu não faço política olhando apenas o que as pessoas foram ontem, eu faço política olhando o que as pessoas vão ser amanhã, depois de amanhã¿.

Mares Guia, por ser ¿uma unanimidade¿ e ¿o ministro que mais gosta de deputado e senador¿, segundo o próprio Lula, fará do segundo mandato do presidente um governo de aliança clara entre Executivo e Legislativo. ¿Tem que ter uma cumplicidade nessa paixão entre o ministro (Mares Guia) e o nosso Congresso¿, definiu Lula.

Para mostrar o quanto Mares Guia dedica de tempo às articulações políticas, Lula descreveu o ministro como um homem que ¿toma café com deputados, almoça com deputados e ainda se dá ao luxo de jantar com deputados. E, se vacilar, ele faz a sobremesa com o senadores¿.

A ministra Dilma Rousseff funcionará como gerente político-administrativa do ministério, o que ficou claro na montagem do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e na presença constante dela nas conversas e sondagens para escolher os ministros do segundo mandato. Dilma participou, por exemplo, da conversa de quatro horas, na quarta-feira, entre o presidente e o executivo Miguel Jorge, que vai para o Desenvolvimento.

Lula disse que a coalizão de partidos aliados, coordenada agora por Mares Guia, deve pensar ações para ¿os próximos 20 anos, e não apenas nos próximos quatro anos¿. O objetivo, disse o presidente no discurso, é formar ¿uma coalizão que (possa) mostrar ao Brasil que é possível fazer política no País com `p¿ maiúsculo¿.

N a prática, Lula está montando, neste segundo mandato, o governo que o então chefe da Casa Civil, José Dirceu, sugerira para o primeiro governo - teria o PMDB como o grande aliado, o que o presidente rejeitou, preferindo o varejo das negociações com todos os grupos políticos, o que levou ao escândalo do mensalão.

Ainda falta definir os nomes para a Previdência - que ficará com Manoel Dias ou Carlos Lupi, do PDT - e do Desenvolvimento Agrário, pasta onde deverá ser mantido Guilherme Cassel.