Título: Marta 'pode ter qualquer cargo no mundo', diz Lula
Autor: Monteiro, Tânia e Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/03/2007, Nacional, p. A5

Depois de arrastar a nomeação da ex-prefeita Marta Suplicy por semanas a fio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou ontem o discurso de posse da petista para fazer afagos políticos e até sugeriu que a nova ministra do Turismo pode disputar o posto que quiser: ¿Alguém que foi prefeita de São Paulo, pode ter qualquer cargo no mundo.¿

O presidente fez a declaração após ter comentado que, depois que sobrevoou a cidade ao lado de Marta, para conhecer a periferia, voltou para casa pensando que ¿só um doido quer governar São Paulo¿. A forma como tratou Marta funcionou como um sinal de que a ministra pode manter de pé os projetos eleitorais dela - disputar a prefeitura, ano que vem, ou tentar a Presidência, em 2010, na sucessão de Lula.

`TRAIDORA¿

Ao citar o trabalho desenvolvido por Marta na Prefeitura de São Paulo, Lula fez questão de destacar a ¿comprovada competência política e administrativa¿ e justificou a derrota da nova ministra nas eleições passadas, para o governo de São Paulo, alegando que ela ¿foi vítima de preconceito¿.

Para Lula, Marta foi ¿uma traidora de sua classe¿, por governar a cidade para a população de baixa renda e ter feito ¿uma política que jamais foi feita naquela cidade¿. Ignorou, assim, a gestão petista de Luiza Erundina na prefeitura da capital, entre 88 e 92.

¿O que foi feito na educação infantil em São Paulo, os CEUs que foram criados em São Paulo, foram para colocar uma criança pobre da favela numa escola igual ou melhor do que muitas que existem para a classe média em São Paulo. E isso alguns setores não perdoam nunca¿, afirmou.

¿Portanto, eu acho, companheira Marta, que, se você trouxer para o Ministério do Turismo o entusiasmo do companheiro Walfrido e a sua competência política, e se der continuidade às coisas que aconteceram naquele ministério, nós vamos terminar 2010 consagrando a política de turismo do nosso país.¿

Marta, por sua vez, prometeu que vai se dedicar ¿de corpo e alma¿ ao novo desafio. A petista, que vestia um elegante conjunto de tailleur de cor pérola, com colar e brincos de pérola, levou à cerimônia uma forte claque, que a aplaudiu efusivamente quando assinou o termo de posse.

FAMÍLIA

O franco-argentino Luiz Favre, marido de Marta, evitou falar com a imprensa, mas confidenciou que não pretende morar em Brasília. Já o filho mais famoso da nova ministra, o cantor de rock Supla, respondia às perguntas dos jornalistas, antes do início da cerimônia, com mais perguntas. ¿O que faz o ministro do Turismo?¿, indagou Supla, quando foi indagado sobre o que Marta faria no posto. ¿Eu vou querer saber o que faz a pessoa no cargo, eu sei que viaja bastante¿, acrescentou Supla.

De terno preto risca de giz, sapato branco, combinando com camisa, gravata e meias listradas nas mesmas cores, Supla foi alvo de alguns fãs, que lhe pediram autógrafos. Um deles foi o cantor e vereador de São Paulo Agnaldo Timóteo, que pediu para tirar uma foto com Supla. A cunhada do roqueiro, Maria Paula, apresentadora de TV, também compareceu, ao lado do marido, o cantor João Suplicy.