Título: Infraero encerrou 2006 com prejuízo de R$ 135,3 milhões
Autor: Sobral, Isabel
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/03/2007, Nacional, p. A12

Alvo de inúmeras investigações do Tribunal de Contas da União (TCU) e no centro da disputa política entre governo e oposição no Congresso, a Infraero anunciou ontem um prejuízo de R$ 135,3 milhões em suas contas de 2006. A estatal, responsável pela administração de 68 aeroportos e 32 terminais de carga brasileiros, alegou que o rombo foi causado pela decisão de considerar como possível prejuízo uma dívida de R$ 185,4 milhões da Varig com taxas de embarque e aeroportuárias. A companhia, vendida em julho do ano passado, viveu a fase aguda de sua crise entre abril e junho de 2006, quando deixou de pagar as taxas.

Segundo a Infraero, hoje dirigida pelo brigadeiro José Carlos Pereira, suas receitas em 2006 com contratos comerciais de aluguéis de lojas, armazenamento e transporte de cargas e recebimento de tarifas tiveram aumento de 15,8% em relação ao ano anterior. Enquanto isso, as despesas subiram 14%.

Nesta semana, os contratos da Infraero, especialmente para reformas de aeroportos, foram chamados de ¿caixa preta¿ pela oposição, em acalorados debates sobre instalação de CPI para investigar o caos aéreo dos últimos meses. A base do governo conseguiu enterrar a CPI do Apagão Aéreo, mas dúvidas lançadas sobre a estatal permanecem e várias obras ainda são auditadas pelo TCU.

CRISE E OPORTUNIDADE

No relatório publicado ontem, a diretoria da Infraero se refere a 2006 como ¿ano de crise e oportunidades¿. Num longo relato sobre os problemas da aviação comercial, a Infraero afirma que o que mais afetou seu balanço foi a dívida da Varig. Embora esteja previsto no plano de recuperação da companhia que esse débito será pago, a diretoria da estatal ressalta que isso ¿depende do sucesso efetivo¿ do plano e, por isso, preferiu classificar a dívida como ¿crédito duvidoso¿ e reservou dinheiro do seu patrimônio para fechar o balanço.

A diretoria da Infraero lembra ainda que em setembro do ano passado ocorreu o acidente com o vôo 1907 da Gol, que matou 154 pessoas, e ¿deflagrou a pior crise da aviação civil¿ do País .

A empresa destacou no relatório que obteve lucro líquido de R$ 170,7 milhões, se considerados os resultados antes das transferências para a União, que é a principal acionista da estatal. Somados aos convênios, como com o Ministério do Turismo, os investimentos em obras atingiram R$ 350 milhões no ano passado.

Segundo a empresa, a movimentação nos 68 aeroportos que administra avançou de 96,1 milhões para 102,2 milhões de passageiros na comparação dos dois últimos anos. Esses aeroportos representam 97% do transporte aéreo do Brasil, o que equivale a 1,9 milhão de pousos e decolagens de aviões nacionais e estrangeiros.