Título: Vice-premiê iraquiano é ferido em atentado suicida em Bagdá
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Fonte: O Estado de São Paulo, 24/03/2007, Internacional, p. A18
O vice-premiê sunita do Iraque, Salmam al-Zubaie, ficou ferido ontem quando um homem-bomba se explodiu no local onde o político rezava, no centro de Bagdá. O atentado deixou nove mortos, incluindo um irmão do Zubaie, e pelo menos 15 feridos. Minutos depois, um carro-bomba foi detonado no mesmo local, sem deixar vítimas.
Um assessor de Zubaie afirmou que o suicida era um dos guarda-costas do vice, mas sua identidade não foi confirmada pelo governo. A milícia Estado Islâmico do Iraque assumiu a autoria do atentado. Embora seja ligada à Al-Qaeda, que é sunita, a milícia justificou o ataque dizendo que Zubaie é ¿um traidor que vendeu sua religião e seu povo e é usado pelos invasores¿. O político integra o bloco sunita do governo do primeiro-ministro Nuri al-Maliki, de maioria xiita.
Zubaie pertence a uma importante tribo da área de Abu Ghraib, a noroeste de Bagdá, que vem se dividindo em dois grupos. Um deles apóia a Al-Qaeda e outro apóia os políticos sunitas que integram o governo, caso de Zubaie.
O atentado ocorreu na Zona Verde - área protegida por militares -, onde o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, foi surpreendido, na quinta-feira, pela explosão de um foguete a 50 metros de onde concedia uma entrevista.
Zubaie foi levado para o hospital militar americano na própria Zona Verde, onde passou por uma cirurgia para retirar estilhaços alojados em seu abdome e ombro. ¿Ele está ferido, mas não gravemente¿, afirmou Maliki após visitar seu vice e os outros feridos.
O governo americano repudiou o atentado. ¿É mais um ato totalmente repreensível¿, afirmou o porta-voz da Casa Branca, Tony Snow. ¿Isso demonstra que alguns terroristas vão fazer o que for necessário para interromper o processo de paz¿, acrescentou. ¿Esse ataque reafirma a importância de nosso compromisso com as forças iraquianas em Bagdá e no restante do país.¿
As sexta-feiras - dia sagrado para os muçulmanos - costumam ser menos violentas que os outros dias em Bagdá, por causa da lei que proíbe a circulação de veículos durante quatro horas. A medida, entretanto, não impediu o ataque a Zubaie e outros casos de violência. No reduto xiita de Cidade Sadr, a explosão de um carro-bomba deixou 5 mortos e 20 feridos.
FUGA
O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) informou ontem que o Iraque foi, em 2006, o país de onde mais pessoas pediram asilo no exterior. Segundo o estudo, 22.200 iraquianos solicitaram asilo no ano passado - um aumento de 77% em relação a 2005, quando os solicitantes chegaram a 12.500. O país mais procurado pelos iraquianos foi a Suécia, que recebeu 9 mil pedidos, seguida pela Holanda (2.800), Alemanha (2.100) e Grécia (1.400).
Mais de 2 milhões de iraquianos já deixaram o país. Há também cerca de 1,9 milhão de pessoas deslocadas dentro do próprio Iraque. Isso porque regiões que antes eram mistas passaram a ser dominadas por algum dos grupos sectários, que expulsou os rivais. Depois dos iraquianos, chineses e rusos foram os que mais pediram exílio.