Título: Governo define na terça-feira se vai retomar Angra 3
Autor: Goy, Leonardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/03/2007, Economia, p. B8

O ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, disse ontem que o governo voltará a discutir na terça-feira a retomada da construção da usina nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro. Defensor do projeto, Rezende mostrou-se otimista e disse que, desta vez, acha que o projeto sai do papel.

Segundo ele, a reunião de terça-feira do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) será realizada no Palácio do Planalto, a pedido do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Normalmente, a reunião do conselho é realizada no Ministério de Minas e Energia. A mudança de endereço, porém, ainda não foi confirmada pelo Planalto.

Desde o início do governo Lula, a retomada de Angra entrou e saiu diversas vezes da pauta do CNPE, sem que decisão alguma fosse tomada.

Desta vez, porém, há ingredientes que levam a crer que o governo poderá optar pela construção da usina. Um desses fatores é possibilidade de a reunião ocorrer no Palácio com a participação do próprio presidente.

A defesa da construção da usina também ganhou força, nesta semana, com a declaração do ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, de que é favorável à construção da usina.

¿Meu voto é a favor¿, disse Rondeau na quinta-feira, durante audiência pública do Senado. Rondeau e Rezende fazem parte do CNPE.

PREÇO COMPETITIVO

Na Casa Civil, o tom adotado até agora tem sido de que a viabilidade da usina de Angra 3 está relacionada ao preço da energia que ela produzir. Em outras palavras, a usina pode ser viável se o preço de sua energia for competitivo, não onerar o consumidor. Em sua fala no Senado, Rondeau tocou nesse ponto, e disse que o custo da energia nuclear já está em um nível competitivo.

Dentro do CNPE, a principal opositora da usina é a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Questionado sobre isso, Rezende lembrou que a maior preocupação da área ambiental refere-se ao tratamento que será dado aos resíduos nucleares produzidos por Angra 3.

¿E nós mostramos que isso está equacionado. Estamos mostrando que a energia nuclear é a que menos contribui para o aquecimento global, que é a grande preocupação, hoje, de todo o mundo¿, disse o ministro. ¿As coisas às vezes não são decididas inteiramente em consenso, mas é importante haver discussão serena, com todos os prós e contras¿, ponderou.

Se for construída, Angra 3 poderá gerar cerca de 1.350 megawatts (MW). O investimento necessário para concluir a obra é estimado, no governo, em aproximadamente US$ 1,8 bilhão.