Título: Negociação suspeita envolve área da Infraero
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/03/2007, Nacional, p. A9
Um terreno a 15 quilômetros do aeroporto de Brasília é o pivô do mais novo escândalo envolvendo a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero). O assessor da presidência da estatal, Josenvalto Reis, é suspeito de tentar negociar a compra da área de 240 mil metros quadrados, pertencente ao governo do Distrito Federal, para depois repassar a imobiliárias. A transação, que envolveria o ex-governador e atual senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), renderia um total de R$ 160 milhões para os supostos beneficiários. O terreno seria vendido à Infraero por R$ 41,8 milhões, que em seguida demonstraria falta de interesse no imóvel e o repassaria pelo mesmo preço. Os compradores poderiam reparti-lo em lotes, faturando até R$ 200 milhões.
A denúncia, publicada pela revista Veja, não foi comentada oficialmente pela presidência da estatal, que cuida dos aeroportos brasileiros. O presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, não foi localizado até o fechamento desta edição. Segundo a reportagem, Pereira mandou cancelar o negócio. Reis pediria demissão anteontem, de acordo com a revista. Pessoas próximas do brigadeiro José Carlos Pereira reclamam que, em meio à crise do setor aéreo, a estatal virou a ¿bola da vez¿. Elas dizem que imobiliárias, que têm interesse em adquirir a área, estão aproveitando a fragilidade da empresa para fazer acusações.
A assessoria do senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) considerou fantasiosa a história de venda e repasse a imobiliárias. Informou que, no ano passado, Roriz foi procurado por representantes da Infraero para que o senador tentasse abaixar o preço do terreno que a estatal pretendia comprar próximo ao aeroporto de Brasília. Segundo a assessoria, Roriz verificou que a avaliação da Terracap, a empresa do governo do DF que administra os terrenos, era correta e encerrou sua participação nesse episódio.
A assessoria ressaltou também que a venda não foi concretizada porque a Infraero não aceitou o preço estipulado de R$ 40 milhões e lembrou que o terreno chegou a ser objeto de edital de licitação em dezembro, mas a licitação foi cancelada na mudança de governo.
CPI DO APAGÃO AÉREO
Oposicionistas vêm colhendo assinaturas nos principais aeroportos do País desde quinta-feira, numa tentativa de pressionar pela instalação da CPI do Apagão Aéreo. O grupo é integrado por parlamentares como Gustavo Fruet (PSDB-PR), José Aníbal (PSDB-SP), Luiza Erundina (PSB-SP) e Fernando Gabeira (PV-SP), além de membros do PFL e PPS.