Título: Serviços engordam PIB de 2006
Autor: Brandão Junior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/03/2007, Economia, p. B1

O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2006 que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará hoje com base na nova metodologia deverá ficar entre 3% e 3,7%, segundo projeção de consultorias e bancos. A taxa pela série antiga foi de 2,9%.

Conforme o resultado final do ritmo da economia nos últimos trimestres do ano passado, o mercado deverá partir, nas próximas semanas, para uma rodada de revisões para cima da expansão do PIB em 2007, dos atuais 3,5% para mais de 4%.

Dessa vez, as estimativas do mercado foram feitas praticamente no escuro, já que os analistas não tinham em mãos os novos dados trimestrais de 2006, cruciais para os modelos de projeções. Ainda assim, os economistas explicam que o setor de serviços ganhou peso dentro do PIB, cresceu fortemente ano passado e deverá contribuir para uma taxa maior. Além disso, estimam que o consumo familiar e do governo avançaram mais do que o calculado na série antiga, junto com os investimentos.

De forma geral, a maior parte das projeções de oito instituições consultadas pelo Estado indica crescimento mais próximo de 3,5%. Para chegar a essa taxa, as consultorias checaram que os resultados de crescimento do PIB na nova série entre 1995 e 2005 foram em média 0,6 ponto porcentual superiores aos da série antiga. ¿Pelo padrão que foi divulgado, pode chegar a 3,5%¿, disse o economista-chefe do banco WestLB, Roberto Padovani.

Caso a estimativa mais freqüente se confirme, o crescimento médio no primeiro mandato do presidente Lula, pela nova metodologia, chegaria a 3,3% ao ano, acima dos 2,7% da série anterior. A conta foi feita pela MB Associados, que também acredita numa expansão próxima dos 3,5% para o ano passado. O desempenho médio anual nos dois mandatos do ex-presidente Fernando Henrique permaneceria em 2,3%.

O desempenho do atual governo melhora com o novo resultado, mas continua abaixo do crescimento mundial. Com um avanço de 3,5% em 2006, o País empataria no pelotão final de 19 países da América Latina, ao lado de El Salvador e Paraguai e à frente apenas do Haiti (2,3%) no mesmo ano. Segundo a Austin Rating, o País passaria da 18ª para a 16ª posição.

O economista da LCA Consultores Bráulio Borges argumenta que o investimento, na nova metodologia, deve ter crescido acima dos 6,3% do PIB antigo, para algo em torno dos 7%. O consumo das famílias também deverá ser maior, a exemplo do que ocorreu em 2005, quando a taxa foi revista de 3,1% para 7%.

Embora ressaltem que não é possível cravar projeções pela falta dos dados trimestrais, os economistas Fernando Montero, da Corretora Convenção, e Fernando Fenólio, da Rosenberg&Associados, avaliam que a expansão pode chegar a 3,7%.

Os novos dados do terceiro e quatro trimestres de 2006 serão importantes para definir o ímpeto com o qual a economia entrou este ano. O Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio (UFRJ), por exemplo, que projetava crescimento de 4% para 2007, já admite rever para cima a taxa, conforme o novo resultado para 2006.

Para Sergio Valle, da MB Associados, as novas previsões para o ano poderão ficar perto dos 4% ou pouco acima disso, mas será preciso montar novos modelos de projeção, com os dados da nova série.