Título: MST é acusado de vender cestas
Autor: Siqueira, Chico
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2007, Nacional, p. A14

O prefeito de Sandovalina, no oeste de São Paulo, Divaldo Pereira de Oliveira (PMDB), acusa militantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) e funcionários do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de desviarem e venderem cestas básicas - por R$ 10 cada uma - doadas pelo governo federal. Segundo o prefeito, os alimentos, que seriam destinados a acampamentos do Pontal do Paranapanema, estão sendo vendidos a moradores de Sandovalina.

Oliveira mostrou pacotes de açúcar que ele diz ter retirado de três cestas. Neles consta a inscrição: 'Produto destinado à doação do Programa Fome Zero. Proibida a venda'. Segundo ele, moradores levaram as três cestas à prefeitura para denunciar o desvio.

Além de dois pacotes de açúcar de 1 kg, cada cesta contém 2 litros de óleo, 2 pacotes de 1kg de farinha de trigo, 2 pacotes de 500 gramas de macarrão, 1 pacote de 1 kg de leite integral, 2 pacotes de 5 kg de arroz e 2 pacotes de 1 kg de feijão.

De acordo com o prefeito, caminhões com as cestas foram vistos nas duas últimas semanas descarregando a carga nas casas de pessoas ligadas ao MST e ao Incra. 'Muitos moradores compraram estas cestas. Alguns chegaram a comprar até dez, porque estão baratas; cada cesta custa entre R$ 30 e R$ 40 nos mercados.'

Oliveira afirmou que denunciou o caso na Secretaria de Estado da Justiça e no Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), mas não recebeu retorno.

José Rainha Júnior, um dos líderes do MST no Pontal, disse que 'o prefeito deve procurar a polícia, que deve encontrar e prender os responsáveis'.

Rainha afirmou desconhecer o suposto desvio, mas destacou que se ficar comprovado que está sendo feito por alguém do MST, esta pessoa deve ser expulsa do movimento e ser punida com a prisão. 'Desviar e vender patrimônio do povo deve ser crime com pena de cadeia.'

Segundo Rainha, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) armazena as cestas em Bauru e não entrega os produtos nos acampamentos. 'Os acampados vão, por conta própria, buscar as cestas em Bauru. Às vezes, os prefeitos ajudam cedendo veículos e às vezes os acampados se unem para alugar um caminhão.'