Título: Ministro defende legalizar aborto
Autor: Bergamaschi, Mara
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2007, Vida&, p. A19

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, defendeu ontem no Rio a legalização do aborto. ¿Isso é, antes de mais nada, uma questão de saúde pública, porque milhares de mulheres morrem todos os anos submetendo-se a abortos inseguros¿, afirmou. ¿Sei que é uma questão polêmica, que envolve aspectos morais, religiosos, psicológicos, mas diz respeito, fundamentalmente, à política de saúde¿, enfatizou.

Temporão voltou a defender a realização de um plebiscito no País para que a população decida o assunto, como ocorreu recentemente em Portugal.

¿Esta idéia do plebiscito é pessoal, mas está sendo amadurecida dentro do governo¿, informou. O ministro está tão empenhado nessa discussão que se reuniu nesta semana com a secretária especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire, antiga defensora de uma revisão da lei do aborto.

Ontem, no Rio, o ministro tratou do assunto com o governador Sérgio Cabral (PMDB) - outro que é favorável à legalização do aborto. No fim de fevereiro, o governador defendeu a discussão do tema, pouco antes do lançamento de uma campanha para prevenção da gravidez precoce.

Temporão também é a favor de outra reivindicação feminina: a ampliação da licença maternidade de quatro para seis meses, conforme antecipou o Estado na semana passada. ¿Pedi ao governador que conceda esse benefício às funcionárias públicas do Estado¿, relatou. Segundo o ministro, Cabral viu ¿com simpatia¿ a idéia e prometeu estudá-la. A assessoria do governador informou que ele pretende enviar em breve uma mensagem ao Legislativo propondo a ampliação da licença.

EMERGÊNCIA

Na primeira visita como ministro à sua cidade natal, Temporão informou que vai desativar a representação política do Ministério da Saúde no Estado por não ser mais necessário, já que o governo federal e o novo governo do Rio estão trabalhando em ¿sintonia fina¿. ¿O que nós tínhamos no Rio era um não-sistema de saúde¿, afirmou. Ao lado do secretário de Saúde, Sérgio Côrtes, o ministro anunciou melhorias para a cidade e o Estado. A principal - e mais imediata - prevê a construção de dez unidades pré-hospitalares de emergência, ao custo de R$ 500 mil cada uma, nas grandes áreas de favela da capital e região metropolitana, conflagradas pelo tráfico.

¿A medida vai esvaziar as emergências dos grandes hospitais¿, afirmou o ministro. ¿Vamos entrar nas áreas de conflito para atender a população¿, acrescentou Côrtes. Além das dez unidades, estão previstas outras 23 para atender a emergências, com equipamentos e laboratórios.

O ministro e o secretário anunciaram ainda a reestruturação, mediante integração com a prefeitura do Rio, do Samu (serviço de urgência), o reforço das equipes de combate à dengue e a liberação de recursos para obras do hospital de Traumato-Ortopedia, no Rio, e do Hospital de Queimados, na Baixada Fluminense.