Título: Retrato do setor financeiro é mais real
Autor: Brandão Junior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2007, Economia, p. B3

A nova metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) traz um retrato mais verdadeiro do que vem ocorrendo no setor financeiro nos últimos anos, avaliam especialistas. Antes, o crescimento dessa área era estimado com base no avanço da economia. Agora, o IBGE investiga os balanços dos bancos e avalia todas as captações de dinheiro e os empréstimos feitos para a população, destaca o economista da MB Associados, Sérgio Vale.

Segundo ele, dessa forma consegue-se embutir no cálculo o retorno financeiro dos bancos. 'A metodologia anterior era precária e não refletia o crescimento espetacular das operações bancárias', avaliou Vale. O avanço dos serviços financeiros nos últimos anos deve-se especialmente ao sucesso dos empréstimos no País, ainda carente de crédito. Só em 2006, segundo a Austin Rating, a carteira de crédito dos 48 maiores bancos cresceu 26,5%, o que turbinou o lucro das principais instituições do País. O Bradesco e o Itaú, os dois maiores bancos privados brasileiros, ganharam R$ 5,05 bilhões e R$ 4,31 bilhões, respectivamente.

O analista do Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad), Marcel de Marco, destaca que no ano passado a receita bruta de Bradesco, Itaú, Unibanco, ABN Amro e Banco do Brasil cresceu em média 20%. Além disso, as receitas de serviços subiram 17,4%.

Em 1994, na estréia do real, essas receitas representavam 3,5% do faturamento total dos bancos. Hoje, atingem 21%, afirma o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues. Além disso, esses ganhos eram responsáveis por 40% da folha de pagamento e hoje significam 115%. 'No Itaú e Unibanco, as receitas são duas vezes a folha de pagamento.'