Título: Expansão em 2007 deve ficar entre 4% e 4,5%
Autor: Brandão Junior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2007, Economia, p. B4

O Brasil deve crescer entre 4% e 4,5% este ano, segundo novos cálculos das instituições internacionais que acompanham o desenvolvimento da economia mundial. Com a revisão do PIB de 2,9% para 3,7% em 2006, bancos, agências de risco e consultorias apostam em desempenho melhor em 2007. Com o dado anterior, os índices variavam de 3,4% a 3,7%.

Nas contas do economista Paulo Leme, do banco Goldman Sachs, a previsão anterior de crescimento de 3,5% passa para 4%. Segundo ele, com a revisão da metodologia do IBGE, a média de crescimento anual do Brasil subiu para 3,4% desde que o conceito 'BRIC' foi lançado, em 2003. 'Essas revisões alinham a taxa de crescimento do Brasil com nossa projeção de 3,5% empregada para elaborar os exercícios dos BRICs.'

O economista-sênior do banco Dresdner Kleinwort, Nuno Camara, elevou de 3,7% para 4% a previsão de crescimento do Brasil em 2007. A revisão divulgada ontem, disse ele, é significativa, mas não altera a composição do crescimento, pois foi liderada por forte aumento dos investimentos, o que é um 'bom sinal' para a inflação. O analista ressaltou que números divulgados no fim de fevereiro mostravam que o consumo privado havia se expandido 3,8% em 2006.

Os números revisados mostram aumento de 4,3%, na esteira de um maior crescimento nos salários reais e no crédito. 'A grande notícia é que a expansão do consumo no ano passado foi na verdade superada pelo crescimento nos investimentos, cujos números revisados mostram alta de 8,7%, ante os 6,3% registrados antes.'

O economista-chefe da Hedging-Griffo, Elson Yassuda, revisou o PIB deste ano de 3,7% para 4,5%. 'O fato de a produtividade estar crescendo um pouquinho mais é elemento importante'. Segundo ele, além do novo PIB, o crescimento contará com o efeito da queda dos juros em sua plenitude.

Na estimativa da consultoria Economist Intelligence Unit (EIU), os índices de crescimento do País nos próximos cinco anos passam de 3,4% a 3,8% para uma média anual de 4%.

Para a EIU, a performance econômica do Brasil será mais forte do que sua média histórica de longo prazo, de 2,5%, mas permanecerá abaixo das taxas de outros emergentes, especialmente na Ásia, e também da meta de 5% a partir de 2008 prevista pelo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).

DÍVIDA

Sozinha, a revisão do PIB de 2006 não garante ao Brasil elevação no rating de crédito calculado pela agência de classificação de risco Fitch Ratings, avaliou Shelly Shetty, diretora sênior da instituição para América Latina. 'A economia brasileira é muito menos dinâmica do que a economia de países investment grade', ponderou.

'A mudança do PIB não resolve os problemas fundamentais do País. A média de crescimento em cinco anos é de 3,2%, abaixo dos países de classificação investment grade, de 5%', comparou Shelly. 'O governo precisa aprovar reformas importantes, como a trabalhista, e reduzir a carga de impostos que recai sobre o setor privado.'

O Brasil não precisará esperar até que a relação dívida/PIB chegue a 30%, nível médio dos países de grau de investimento, para receber este selo, avaliou a diretora de rating soberano da agência de classificação de risco Standard & Poor's, Lisa Schineller. 'É necessário que o País mostre que está mantendo a relação dívida/PIB em tendência de declínio.'

Paulo Leme acredita que a relação dívida líquida/PIB vai cair para 44,3% este ano, ante os 49,5% anteriormente previstos.

FRASES Elson Yassuda Economista-chefe da Hedging-Griffo

'O fato de a produtividade estar crescendo um pouquinho mais é elemento importante'

Shelly Shetty Diretora da Fitch Ratings para América Latina

'A mudança do PIB não resolve os problemas fundamentais do País; o governo precisa aprovar reformas importantes'