Título: Empresários culpam juros, câmbio e falta de reformas
Autor: Graner, Fabio e Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2007, Economia, p. B5

Câmbio valorizado, juros ainda altos e lentidão na reforma tributária inibiram o setor industrial que, na revisão do PIB, cresceu 2,8% em 2006 em vez dos 3% da metodologia antiga. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a revisão do PIB global, de 2,9% para 3,7% era esperada, mas a queda do setor industrial surpreendeu.

Para a CNI, a relação juro/câmbio 'é impeditiva do crescimento industrial, pois os juros ainda são os mais altos do mundo e o real valorizado tira competitividade das exportadoras.' Para a entidade, o governo precisa criar mecanismo de desoneração dos investimentos e promover a reforma tributária para diminuir os impostos.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, afirmou que 'a análise dos países que conseguiram atingir crescimento sustentado mostra que o motor do progresso é a indústria de transformação. Sem um ambiente econômico favorável à produção, o Brasil não crescerá sustentavelmente.'

Segundo a Fiesp, no período de 2001 a 2006 o segmento industrial cresceu 17,1%, ante 17,2% da metodologia antiga. Com os novos dados, a entidade reviu o crescimento da indústria para baixo, de 1,9% para 1,6% este ano.

A queda na compra de máquinas e equipamentos no Brasil e o real valorizado foram as causas da queda do PIB industrial, disse Newton Melo, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). 'O dólar nessa posição significa um desestímulo à produção nacional, portanto um PIB menor.' Sem perspectiva de desvalorização do real, a indústria deve sofrer uma desindustrialização, disse Melo.