Título: Lula reúne chefes militares para conter crise aberta por motim
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/04/2007, Nacional, p. A4
O presidente Lula tentou ontem contornar a crise militar aberta na sexta-feira, com a paralisação dos controladores de tráfego aéreo. Uma das preocupações foi se reunir com os comandantes militares para conter a irritação deles com o fato de o Executivo ter negociado com os grevistas. Aos ministros, Lula disse que os controladores teriam paralisado atividades de forma ¿traiçoeira¿ - embora a crise no setor já dure seis meses. Também no escândalo do mensalão Lula se disse traído.
O Ministério Público Militar pediu a abertura de inquérito para punir os responsáveis pela maior rebelião militar no País desde 1963. Quem for enquadrado no crime de motim pode pegar até 8 anos de prisão - com pena aumentada em um terço no caso dos líderes. O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, vê ¿crime militar¿ no caso. Por conta disso, o ministro avalia que os usuários do transporte aéreo que foram prejudicados podem obter indenizações da União na Justiça.
A associação dos controladores alega que fez acordo com o governo Lula, que se comprometeu a não punir ninguém. A entidade quer que o Executivo encaminhe projeto ao Congresso sacramentando a anistia aos controladores.
O Clube da Aeronáutica deu um ultimato e ameaça ir à Justiça contra Lula, caso ele não revogue a desmilitarização do controle aéreo. O presidente estaria incorrendo em crime de responsabilidade por adotar a medida, considerada inconstitucional.
No Congresso, a oposição pressiona pela CPI do Apagão Aéreo, agora com apoio inclusive de parlamentares petistas. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, disse que vai esperar determinação do Supremo para instalá-la. Deputados do DEM prometem obstruir os trabalhos; PSDB e PPS pretendem seguir com as votações. Os oposicionistas armam um encontro no tribunal para pedir que os ministros apressem sua decisão.