Título: Saúde começa a preencher cargos
Autor: Formenti, Lígia
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/04/2007, Nacional, p. A11

O segundo escalão do Ministério da Saúde, disputado com ardor por aliados do governo, começou a ser preenchido ontem. O ex-ministro Agenor Souza foi indicado pelo governo para o cargo de diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e agora terá de ser sabatinado pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado para poder assumir o posto, desocupado há cinco meses.

Funcionário do ministério há anos, Agenor foi alçado a secretário-executivo quando o PMDB, com Saraiva Felipe, tomou posse do ministério. Depois da saída de Saraiva, Agenor assumiu o cargo. Mas por muito tempo disse ser apenas ¿ministro interino¿. Na Anvisa, outro cargo de diretor continua vago, aguardando também uma indicação do governo.

A longa espera não é inédita. No primeiro ano da gestão Lula, cargos na diretoria da agência demoraram a ser ocupados por conta da negociação política. A demora não passou despercebida e logo veio uma enxurrada de críticas em razão do uso dos cargos da agência para abrigar apadrinhados políticos.

FUNASA

A mesma crítica foi feita com relação à Fundação Nacional de Saúde (Funasa) - não apenas na coordenação central, mas nos postos espalhados pelo País. Com a chegada do PMDB à Saúde, a entidade foi assumida por Paulo Lustosa, que nunca escondeu a preferência pela Anatel. E, mesmo na Funasa, manteve esforços para mudar de agência. Com o tempo, conformou-se, mas não foi difícil tal adaptação. Devido a alterações feitas pelo ex-ministro da Saúde Humberto Costa, a Funasa passou a ter minguados poderes. Os recursos, porém, mantiveram-se polpudos. Como o próprio Lustosa definiu, uma ¿máquina de fazer votos¿.

Com Orçamento de R$ 1,5 bilhão para este ano, a fundação tem como atribuição cuidar do saneamento e da saúde indígena. Como não há funcionários suficientes, a entidade se vale de convênios, cuja prestação de contas nem sempre é fácil de ser realizada.

O PMDB não quer perder o controle da Funasa. Vários nomes estão no páreo, como o segundo homem de Lustosa, Francisco Danilo Forte. Embora tenha muitos aliados no Congresso, sobretudo do Norte e Nordeste, a indicação de Forte é vista com temor por comunidades indígenas, que associam sua imagem a uma série de problemas. Outro nome do PMDB é Oscar Berro, secretário de Duque de Caxias. A bancada goiana também já sugeriu o ex-senador Maguito Vilela. Certo de que manterá o controle da Funasa, o PMDB dedicou R$ 69 milhões em emendas ao Orçamento da União para a fundação.