Título: Evo manobra para governar até 2018, diz jornal
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/04/2007, Internacional, p. A16
O presidente da Bolívia, Evo Morales, deu início a uma série de manobras políticas para permanecer no governo até 2018, segundo informou o jornal de La Razón, de La Paz. De acordo com o diário, o anúncio de Evo do dia 17, no qual ele afirmou que pretendia reduzir seu mandato e convocar eleições gerais antecipadas para 2008, faz parte dessa nova estratégia eleitoral. O presidente boliviano foi eleito em dezembro de 2005 e seu atual mandato terminaria em 2010.
A nova Constituição boliviana, que é redigida pela Assembléia Constituinte, em Sucre, está prevista para entrar em vigor no ano que vem. Pelos planos do governo, segundo o jornal, Evo pretende eleger-se, sob a vigência da nova Carta, em 2008. A previsão é a de que as novas regras estabeleçam o mandato presidencial em cinco anos, com direito a uma reeleição.
Assim, Evo poderia eleger-se para permanecer no cargo até 2013. Além disso, o mandato a ser obtido no próximo ano seria contado como o primeiro de Evo sob a nova Constituição - o que daria ao presidente a oportunidade de reeleger-se e permanecer no cargo até 2018.
Ainda de acordo com o La Razón, não será fácil para Evo conseguir a mesma votação de 2005, quando recebeu 53,7% dos votos. No entanto, o partido governista Movimento ao Socialismo (MAS) já planeja várias novas medidas para garantir a reeleição do presidente.
Uma das propostas seria permitir o voto dos jovens maiores de 16 anos. Até agora, votam os maiores de 18. Caso seja aprovada, a medida daria a Evo mais 419 mil eleitores, segundo estimativas do Instituto Nacional de Estatística. Esses novos eleitores representariam quase um terço dos 1,54 milhão de votos conquistados pelo MAS em 2005.
Além disso, o MAS quer que a nova Constituição permita o voto de bolivianos que residem fora do país. De acordo com o Ministério de Planejamento, 3 milhões de bolivianos vivem atualmente fora do país.
O jornal afirma ainda que o governo deve usar a imprensa estatal para fazer a propaganda eleitoral de Evo. O presidente, que já acusou o La Razón, do grupo espanhol Prisa, de ser um jornal mentiroso, mandou instalar recentemente 29 novas rádios comunitárias com ajuda da Venezuela. Atualmente, Evo tem um índice de 65% de aprovação no país.