Título: Supervisores voltam a Cindactas
Autor: Brancatelli, Rodrigo e Tavares, Bruno
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/04/2007, Metrópole, p. C1

Por determinação do diretor do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), Ramon Cardoso, os oficiais supervisores dos centros de controle de tráfego aéreo (Cindactas) de todo o País voltaram aos postos ontem. Desde a paralisação da sexta-feira à noite, os sargentos controladores não contavam com monitoramento.

O clima ontem no Cindacta-1, em Brasília, era de tranqüilidade. De um lado os controladores demonstravam constrangimento por terem provocado caos nos aeroportos; de outro os oficiais negavam que os postos de controle tivessem sido abandonados. Os supervisores explicaram que a saída de cena foi necessária até que houvesse um esclarecimento da situação militar dos controladores. Entre as queixas dos oficiais está a de que houve insubordinação dos operadores.

A definição da situação ocorreu só no domingo, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de volta dos Estados Unidos, se reuniu com o ministro da Defesa, Waldir Pires, e com o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito. No encontro com Lula, ficou definido que os oficiais ficam na chefia das salas de operação até que o serviço de controle de tráfego seja desmilitarizado. Esse desligamento demora 45 dias. Desde domingo, os funcionários dos Cindactas só entram nos centros se estiverem em serviço.

CINDACTA-3

O processo de desmilitarização dos controladores de vôo já é realidade no Cindacta-3, com sede no Recife, que controla o tráfego aéreo da Bahia ao Ceará. Divulgada anteontem em reunião com os operadores, a nota com as novas orientações, assinada pelo comandante do Cindacta-3, coronel-aviador José Alves Candez Neto, restringe a circulação dos controladores nas unidades militares. Eles estão proibidos de acessar a internet no trabalho, passaram a usar banheiro e estacionamento separado dos militares. Ainda segundo as novas regras, os profissionais só podem entrar para trabalhar meia hora antes do início do turno. E devem deixar a unidade até no máximo meia hora após o término da jornada.

Para diferenciar os controladores do restante dos militares do Cindacta-3, eles usam, desde ontem, trajes civis ou o uniforme de passeio - camisa azul clara e calça azul escura. No Recife, os profissionais adotaram o uniforme de passeio. Nas dependências de controle de vôo em Salvador, os profissionais trabalharam em trajes civis.