Título: Planalto descarta novo apagão aéreo durante feriado e agora diz ter plano B
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/04/2007, Nacional, p. A5

Ao final de dois dias politicamente tensos, o governo tentava ontem demonstrar tranqüilidade, certo de que não enfrentará novo apagão no feriado da Semana Santa. Na avaliação do Planalto, o governo já tem um plano B para emergências. ¿A prioridade é restabelecer a normalidade de forma sustentada, por um bom período, sem prazo¿, afirmou um assessor da Presidência ao Estado, informando que a ordem é ¿não ficar refém dos controladores¿.

Ontem, mais uma série de reuniões foi realizada no Ministério da Defesa, no comando da Aeronáutica e no Palácio do Planalto para tentar traçar uma estratégia e evitar surpresas.

Várias medidas foram tomadas ao longo do dia. O Cindacta-1 foi cercado por policiais da FAB. Havia o temor de represálias por parte dos controladores. O comando proibiu, ainda, uso de telefones na sala de trabalho para evitar articulações. Também foi convocado um plano de reunião com os sargentos-controladores da Defesa Aérea. O objetivo era ter pessoal à mão, ainda que não totalmente treinado, caso os controladores decidissem parar. Uma câmera foi colocada na sala de trabalho para vigiar o pessoal. A restrição de circulação na área também aumentou. Os uniformes do pessoal da Defesa Aérea foram substituídos pela farda de campanha, camuflada, para facilitar a distinção dos demais controladores.

A Aeronáutica considera viável remanejar praças envolvidos nas operações de defesa aérea. Segundo oficiais ouvidos pelo Estado, há cerca de 1.500 homens capazes de atuar nessa função. Nem todos trabalham no monitoramento do espaço aéreo, mas poderiam fazer cursos de reciclagem e atuar em um mês.

No Planalto, o recuo dos controladores foi entendido como ¿sinal de maturidade¿. O presidente confidenciou a auxiliares: ¿Aprendemos uma lição com o que houve. Não ficaremos mais reféns deles. Eles não nos pegam mais de calça curta. Agora temos um plano B. Na sexta-feira não tínhamos alternativa, a não ser conversar porque, senão, ao invés das 5 horas de paralisação, seriam 24 ou sabe-se lá quantas.¿

¿Não vamos investir em clima de botar fogo no circo. Isso não ajuda nada¿, completou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.