Título: Saito recebe homenagem e promete disciplina
Autor: Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/04/2007, Nacional, p. A8

A posse do brigadeiro José Américo na chefia do Estado-Maior da Aeronáutica transformou-se em cerimônia de desagravo ao comandante da Força Aérea, brigadeiro Juniti Saito. Depois de garantir, em discurso, que não vai se afastar do cumprimento dos ¿princípios basilares da hierarquia e disciplina¿, Saito foi longamente aplaudido por um auditório repleto de militares da ativa e da reserva, na Base Aérea de Brasília.

Estavam presentes, e prestando-lhe solidariedade, quase todos os ex-comandantes e ministros da Aeronáutica. O único ausente era o ex-comandante brigadeiro Luiz Carlos Bueno da Silva, a quem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem imputado responsabilidade na crise. Os aplausos foram tão longos que Saito ficou emocionado. Depois, todos faziam questão de ir ao encontro de Saito e cumprimentá-lo. O ministro da Defesa, Waldir Pires, assistiu ao desagravo ao comandante.

Saito falou que se sentia ¿tranqüilo¿, agradeceu o apoio da Marinha e da Aeronáutica e defendeu ¿a coesão para o bem das nossas instituições¿. O brigadeiro lembrou ainda que, em sua posse, já havia destacado que sua conduta era baseada na hierarquia e na disciplina. ¿Em minha mensagem de posse destaquei que dentre as principais linhas de conduta a focalizar estava a estrita observância dos princípios basilares da hierarquia e disciplina, sobre os quais não há qualquer espaço para tergiversar.¿

E acrescentou: ¿Estes são preceitos definidos, de forma clara e precisa, na lei maior, no Artigo 142 da Constituição Federal, a quem, nós, os militares, que escolhemos seguir a profissão das armas por livre e espontânea opção, juramos respeitar e fazer cumprir, se necessário, com sacrifício da própria vida.¿ Era um recado direto aos controladores. ¿Penso que este instante é oportuno para enfatizar que tais valores merecem constante reflexão.¿

A crise dos últimos dias foi o assunto dominante no coquetel da cerimônia. Os militares fizeram uma leitura positiva das últimas declarações e atos de Lula, que endossou os princípios da hierarquia e disciplina. ¿Ele fez o que tinha de ser feito¿, repetiam os militares, classificando de ¿inconstitucional¿ o acordo com os controladores. ¿Agora o trem está indo para o trilho¿, comentou um brigadeiro.

Mas houve quem lembrasse que o presidente, ex-sindicalista, deveria viver um momento de conflito por estar rasgando um acordo. Os próprios oficiais-generais justificavam a atitude de Lula dizendo que ele foi ¿mal assessorado¿, ¿a ordem dele foi mal interpretada¿ e ¿o que foi assinado não pode ser cumprido porque é ilegal¿.