Título: OMC ampliará negociações sobre Doha a partir do dia 23
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/04/2007, Economia, p. B6

A Organização Mundial do Comércio (OMC) já marcou uma data para que as negociações da Rodada Doha finalmente voltem a serem tratadas por todos os 150 países da entidade. Hoje, em Genebra, o diretor da entidade máxima do comércio, Pascal Lamy, reunirá os principais embaixadores na OMC para anunciar que um texto com propostas será colocado sobre a mesa no dia 23, o que dará o pontapé para a fase final dos debates.

As negociações foram suspensas em julho de 2006, depois que os principais atores da Rodada Doha não conseguiram um acordo sobre como deveria ocorrer a liberalização agrícola. Desde então, negociadores de Brasil, Índia, Estados Unidos e União Européia vêm realizando encontros sigilosos para tentar aproximar as posições.

Mas, como não conseguem apresentar avanços, os demais países da OMC começam a se irritar e exigir que o debate volte a incluir todos. Na semana passada, o Estado antecipou a estratégia de Lamy que hoje será confirmada a todos os governos e representará a 'multilateralização do processo'. A idéia é que o novo documento seja enviado após a reunião entre os ministros do Brasil, Índia, Estados Unidos e Europa, em Nova Déli, nos dias 12 e 13 deste mês.

Para preparar esse encontro, os negociadores dos quatro governos estão desde segunda-feira em Paris. O problema é que os europeus apenas aceitariam um maior corte das tarifas para importação agrícola se os americanos reduzirem seus subsídios. Para tentar superar o impasse, o Brasil agora sugere que seja estabelecido um teto para o volume de subsídios que cada país poderia dar a cada produto agrícola.

Para chegar a esse cálculo,vários critérios serão debatidos. Um deles seria o cálculo de quanto poderia ser dado em ajuda doméstica a um produtor americano ou europeu sem afetar os preços internacionais do produto. Os Estados Unidos já deram indicações ao Brasil de que estão dispostos a debater o assunto, mas ainda resistem a um acordo. Já a UE vê a proposta brasileira com desconfiança, ante a proximidade entre os presidentes Lula e Bush.