Título: No Sul, real forte muda os negócios
Autor: Petry, Rodrigo
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/04/2007, Economia, p. B3

Oitenta por cento dos empresários da Região Sul do País consideram que a influência da valorização do real em seus negócios é grande ou moderada. É o que mostra a pesquisa ¿A Força da Região Sul¿, elaborada pela consultoria PricewaterhouseCoopers. O levantamento ouviu 100 empresários no Paraná, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

Com perfil exportador, a região tem sentido os efeitos do câmbio. ¿Esse panorama é bem retratado quando se pergunta qual é o nível de influência do câmbio nos negócios da empresa. O maior exemplo é o setor calçadista¿, diz o sócio da consultoria para a região, Carlos Biedermann.

A pesquisa apontou que 52% acham que a volatilidade do dólar afeta os negócios, enquanto 26% disseram que essa influência é moderada. Outros 17% disseram que é pequena e 4% afirmaram que não influencia.

Na avaliação de Biedermann, ¿se ainda não foi absorvido, ao menos o novo nível da taxa de câmbio já foi assimilado¿. O consultor ressalta ainda que os empresários da região estão melhorando sua gestão ou reduzindo custos. ¿Se percebe que as empresas fizeram ou estão fazendo o dever de casa para se adaptar a esse câmbio.¿

Os empresários ouvidos na pesquisa vêem nos países do Mercosul as melhores oportunidades de negócios entre os principais blocos econômicos mundiais. Segundo Biedermann, a proximidade geográfica e o perfil das empresas, ligadas ao agronegócio, influenciaram no resultado. ¿Não é uma preferência, mas uma tendência maior de negócios com o Mercosul.¿

Dos empresários consultados, 55,1% preferem realizar negócios com os países vizinhos, enquanto 23,5% optam pela União Européia e 15,3% pelo Nafta (o Tratato de Livre Comércio da América do Norte). Os países asiáticos têm 13,3% das preferências. ¿Mesmo com os Estados Unidos sendo nosso maior importador, o Nafta aparece apenas em terceiro lugar pelo pouco peso do México nas relações comerciais com o Brasil¿, observa Biedermann.

GLOBALIZAÇÃO

Outro item da pesquisa aponta que 67% dos executivos avaliaram que a interferência da globalização é positiva para os negócios. ¿É um elemento extraordinário. Anos atrás, quando se falava de globalização, todos diziam que seria um desastre para as empresas brasileiras.¿

No entanto, os empresários deixam claro a desvantagem do Brasil diante de seus principais concorrentes emergentes. Para 90% deles, o Brasil está desperdiçando a chance de acompanhar o crescimento global, seguindo o exemplo dos demais emergentes. ¿É quase unânime a percepção de que o País poderia ter um nível de crescimento muito maior.¿