Título: Professores da rede pública se integram ao programa
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/04/2007, Vida&, p. A30

Os professores da rede pública, que passarão a participar do Brasil Alfabetizado, vão ganhar depósitos de R$ 200 mensais diretamente nas suas contas. ¿No Nordeste rural e urbano, 50% ou mais dos professores da rede só trabalham 20 horas semanais, e esse valor terá um impacto muito forte na renda¿, diz Ricardo Henriques, responsável pelo programa no MEC. Esta é uma das diversas novidades do Brasil Alfabetizado em 2007, que têm como objetivo aumentar a eficácia do programa.

O número de participantes em cursos de alfabetização de adultos no Brasil saltou de 1 milhão para 1,7 milhão em 2003, primeiro ano do Brasil Alfabetizado, e atingiu quase 2 milhões em 2006. Apesar do sucesso de inclusão, nota Henriques, o impacto do analfabetismo ficou abaixo do planejado.

Os cerca de 1,1 mil municípios com taxa superior a 35% da população de 15 anos ou mais analfabeta - os bolsões de analfabetos absolutos - agora vão se tornar uma prioridade central do programa. ¿Não vamos esperar que eles apresentem seus planos porque eles não têm capacidade técnica para isso¿, explica Henriques. O MEC está estimulando universidades e ONGs a assessorarem esses municípios na montagem dos seus planos, bem como na formação de professores. E um importante papel será mantido para as ¿ONGs de nichos¿, dedicadas a segmentos específicos, como presidiários, catadores de lixo e atingidos por barragem.

Para um trabalho mais generalista e flexível, a tendência é que professores profissionais se saiam melhor. Para isso, os professores da rede receberão R$ 200 e os coordenadores, R$ 300, também direto em conta. O curso de formação específica dos professores para alfabetizar adultos será estendido de 40 para 60 horas.

Os Estados e municípios receberão transferências extras correspondentes a 50% do valor recebido pelos professores de rede a ele ligados. Desse dinheiro suplementar, 60% terá de ser gasto em treinamento dos professores, e o restante em merenda, transporte e material escolar e didático. Um grande plano de distribuição de material didático está sendo montado em 2007, e começará a funcionar em 2008, eliminando a necessidade de gastos com o item.

A prioridade dada aos Estados e municípios, por fim, deve estimular a continuidade dos estudos depois de concluída a alfabetização, já que eles cuidam da educação de jovens e adultos. Um dos maiores problemas do Brasil Alfabetizado é que muitos alfabetizados desaprendem, exatamente porque não prosseguem os estudos.