Título: Lula teme virar refém do PMDB
Autor: Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/2007, Nacional, p. A9

No jantar que teve na última quarta-feira com senadores do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro que não quer ficar refém do PMDB. Segundo parlamentares, Lula foi cauteloso a ponto de não usar palavras depreciativas nas referências que fez ao maior partido de sua base aliada. Mas deixou claro que precisa da ajuda dos petistas e até da oposição para não depender da boa vontade e das exigências dos peemedebistas. Segundo senadores, é nessa linha que o presidente vai chamar líderes da oposição para conversar sobre uma pauta nacional. Lula, porém, não adiantou quais propostas se encaixam nessa categoria.

Entre possíveis convidados da oposição, Lula citou os tucanos Tasso Jereissati (CE), senador e presidente do PSDB, e o líder Arthur Virgílio, além de José Agripino (DEM-RN).

Foi a primeira vez neste mandato que o presidente se reuniu com a bancada de senadores do PT. Dos 12, o único ausente era Augusto Botelho (RR), que está com dengue. Os petistas compararam a performance de Lula hoje com a de dezembro de 2004, no seu último encontro com a bancada. Asseguram que o balanço é positivo, não só pela forma clara como o presidente se manifestou sobre sua relação com o Congresso, mas por demonstrar que não alimentará disputas. ¿Ele vai procurar todos os partidos, independentemente de ser ou não da base¿, informou o senador Sibá Machado (AC). ¿O presidente quer ter uma relação bastante aberta com todo mundo.¿

A reunião de duas horas e meia, na casa do senador Eduardo Suplicy (SP), também serviu para as queixas dos petistas. Aloizio Mercadante (SP) atuou como uma espécie de interlocutor dos colegas. ¿Eu chutei o balde¿, contou, ao encabeçar as reclamações com a falta de atenção do Planalto para com a bancada no Senado. Como prova, lembrou que o ministro Tarso Genro - presente ao jantar - nunca se reuniu com o grupo no período em que esteve nas Relações Institucionais. ¿O governo muitas vezes não sabe o que está votando no Senado e não tem articulação com a bancada.¿

Já Tião Viana (AC) se queixou do excesso de medidas provisórias. Segundo ele, 30% das que normalmente chegam ao Congresso seriam dispensáveis. Tião citou o caso da que liberou R$ 1 bilhão em crédito agrícola suplementar que, por ser do interesse da maioria dos parlamentares, poderia ser votada como projeto de lei num prazo recorde.

Lula também reclamou. Segundo ele, nos momentos difíceis, faltou quem o defendesse no Senado. Pela sua avaliação, só três senadores rebateram os colegas da oposição. Ele não citou nomes nem foi contestado.