Título: Franklin diz que não vai 'inventar a roda' com rede de TV pública
Autor: Tosta, Wilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/2007, Nacional, p. A10

O governo federal apresentará em até 90 dias um projeto para criar a rede pública de televisão, provavelmente partindo de estruturas que já controla, como a TVE e a Radiobrás, e visando à integração com as emissoras dos Estados, informou o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins. ¿Ninguém vai inventar a roda, é simplesmente fazer a roda rodar¿, disse ele em entrevista ao programa Observatório da Imprensa, na TVE, terça-feira à noite.

O ministro afirmou que o objetivo é fazer uma TV que não seja governista, tenha mecanismos de controle por parte da sociedade e seja plural. Insistiu que não há proposta formatada para a nova rede e atribuiu muitos ataques que o projeto recebeu a ¿preconceitos¿.

¿Acho que muita gente já saiu atirando naquilo que achava que seria e não necessariamente em algo que estivesse consolidado no governo¿, declarou, na conversa com os jornalistas Alberto Dines, apresentador do programa; Ricardo Gandour, diretor de Conteúdo do Grupo Estado; e Elvira Lobato, repórter da Folha de S.Paulo. ¿Acho que a intensidade com que veio à tona esse debate mostra preconceitos de pessoas que não entendem, não querem ou têm resistência à rede pública, porque têm resistência a tudo que não seja privado, mas mostra também como esse tema está maduro para ser discutido.¿ A proposta, ressaltou o ministro, será apresentada para debate com a sociedade e os Estados.

Franklin frisou que não há rede pública de TVs formada, mas um ¿amontoado¿. ¿O que existe são emissoras pulverizadas. E a questão que se coloca não é apenas juntar isso. É dar escala, conseguir fazer com que tenha uma programação de alto nível.¿ Ele explicou que a intenção do governo não é concorrer com as emissoras comerciais, mas ter caráter complementar. ¿Qual é a TV brasileira que tem correspondentes na África?¿, exemplificou.

O ministro disse que nenhuma emissora estadual será obrigada a aderir. O governo, porém, vai se dirigir aos Estados com proposta para discussão. ¿O governo federal não está se preparando para ter um papel coadjuvante, está se preparando para ter um papel central.¿

Publicidade

Franklin, que também cuidará da propaganda do governo, disse que a publicidade governamental deve ter caráter de serviço, utilidade pública e comunicação institucional de programas oficiais. Ele apontou, entretanto, motivos políticos nas críticas ao setor no governo Lula. ¿Todo mundo achava normal quando o Avança, Brasil, de Fernando Henrique, fez propagandas institucionais.¿