Título: Chávez recebe sinal verde para estatizações
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Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/2007, Internacional, p. A12

A Comissão de Valores Mobiliários da Venezuela, órgão que regula o mercado de capitais no país, deu sinal verde ontem para que o governo do presidente Hugo Chávez inicie o processo de compra de ações para assumir o controle da empresa telefônica CANTV e da companhia elétrica EDC.

Depois que ganhou seu terceiro mandato, em dezembro de 2006, o presidente Chávez anunciou seus planos para estatizar as principais companhias privadas dos setores de telecomunicações e eletricidade como parte de sua revolução bolivariana. Seu primeiro alvo foi a CANTV, privatizada em 1991, e cujo principal acionista era a americana Verizon Communications. Por várias vezes, o presidente havia acusado a empresa de espioná-lo. A maior companhia telefônica do país é responsável por 3,2 milhões de linhas fixas, 6,7 milhões de celulares e 592 mil assinantes de internet.

Na última sexta-feira, o governo havia feito uma oferta de compra de ações da empresa para criar uma joint venture de maioria estatal. A idéia de Chávez é controlar cerca de 60% a 70% das ações da CANTV.

Na área de energia elétrica, o alvo foi a empresa EDC (Electricidad de Caracas), que distribui energia elétrica para os 5 milhões de habitantes da região metropolitana. A empresa era controlada pela americana AES, especializada na produção e distribuição do setor. Em fevereiro, o grupo assinou acordo com o governo venezuelano para a venda de sua parcela de 82% no negócio por aproximadamente US$ 739 milhões, abrindo caminho para a nacionalização.

Chávez está assumindo o controle de setores da economia que considera estratégicos, como projetos de petróleo e usinas de energia, além do setor de comunicação. A PDVSA, estatal venezuelana de petróleo, segundo o presidente, pretende nacionalizar as refinarias e os campos de petróleos operados pelas multinacionais Exxon Mobil e Chevron, dos Estados Unidos, Total (França) e British Petroleum (Grã-Bretanha). Há dois meses, ele ameaçou nacionalizar supermercados, frigoríficos e lojas, acusando seus proprietários de especular com o preço de produtos da cesta básica. Nem o setor de saúde escapou. Na última segunda-feira, Chávez disse que nacionalizaria clínicas privadas e hospitais que abusassem do preço dos tratamentos.