Título: Passagem de Almeida foi marcada por polêmicas
Autor: Fernandes, Adriana e Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/2007, Economia, p. B3

Durou menos de um ano a participação do economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida na equipe do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele começou entusiasmado na sua gestão na Secretaria de Política Econômica (SPE), tentando implementar as idéias que desenvolveu na época em que foi economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Saiu demonstrando grande insatisfação.

`Julinho¿, como era conhecido, protagonizou polêmicas, sendo a mais famosa delas a declaração, dada em agosto de 2006, de que ¿nem arriando as calças¿ seria possível ao governo conceder novas desonerações tributárias naquele ano. A declaração criou um constrangimento com o então ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, que defendia as medidas.

Seu grande foco era o debate macroeconômico. De linha heterodoxa (fez parte da equipe do ex-ministro da Fazenda Dilson Funaro, na época do Plano Cruzado), Almeida discordava da política monetária do Banco Central e defendia redução maior das taxas de juros para reverter a trajetória de valorização do câmbio.

Foi peça-chave na formatação do pacote cambial, lançado em julho de 2006, que permitiu aos exportadores manter parte das receitas fora do País. Teve papel ativo também no pacote para reduzir o spread bancário, lançado em setembro do ano passado. As duas iniciativas tiveram efeito irrisório.

Seu sucessor na SPE, Bernard Appy, é um economista de perfil mais ortodoxo e postura bem mais fechada para o debate público. Ele retorna ao cargo que ocupou durante o ano e meio final da gestão Antônio Palocci e vai trabalhar nas reformas institucionais, como a tributária.