Título: Ministro mantém interinos. E o clima de insegurança
Autor: Fernandes, Adriana e Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/2007, Economia, p. B3

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, alimentou ontem o clima de insegurança na sua equipe ao manter ¿na modalidade de interino¿ o secretário do Tesouro Nacional, Tarcísio Godoy, numa clara indicação de que a dança de cadeiras no ministério não terminou com a demissão do titular da Secretaria de Política Econômica (SPE), Júlio Sérgio Gomes de Almeida. Na primeira fase das mudanças, a SPE passa a ser ocupada pelo atual secretário-executivo Bernard Appy, que com seu deslocamento abriu a vaga para acomodar o ex-ministro da Previdência, Nelson Machado, que foi afastado do cargo com a reforma ministerial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Integrantes do segundo escalão do ministério consideraram que Mantega foi deselegante com Tarcísio Godoy ao não confirmá-lo no cargo, mesmo que o substituísse em outro momento. A decisão de reafirmar, em entrevista coletiva, a condição de interino foi interpretada como uma forma de ¿queimar¿ o secretário. Nos bastidores, a avaliação é que Mantega se impôs uma saia justa ao estimular especulações em torno do afastamento do secretário interino do Tesouro: está abrindo mão de um técnico com a experiência que não encontrará entre outros assessores para conduzir o controle de gastos do governo.

No cargo há três meses e considerado o ¿homem do caixa¿, Godoy avisou a assessores que não pretende permanecer como secretário-adjunto do Tesouro e que estaria inclinado a aceitar um convite para trabalhar na iniciativa privada. Mantega, porém, afirmou que a interinidade do secretário não é ruim e tampouco compromete ou traz riscos à administração do Tesouro. ¿Ele vai continuar nessa modalidade¿, disse, acrescentando depois: ¿Não há nenhuma repercussão na sua interinidade. As coisas estão indo bem, o risco País está caindo e as perspectivas da economia são as melhores possíveis¿.

O ministro também não deixou em situação confortável o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, que também não foi confirmado no cargo. Mantega disse que seguia o exemplo de Lula: ¿Não preciso confirmar, assim como o presidente não precisou confirmar o meu nome.¿ E foi evasivo quando indagado se concluíra a sua própria reforma. ¿A gente não pode dizer isso definitivamente. Mas, no momento, não há nenhuma mudança em vista¿.

O nome do presidente do BNDES, Demian Fiocca, também é considerado como um dos que pode ir para o ministério da Fazenda. Hoje, ele terá um encontro com o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, o que alimentou a expectativa de que a conversa envolva a remoção de Fiocca do Banco. O cargo mais provável é o de secretário do Tesouro. De qualquer forma, se ele deixar o BNDES terá uma cadeira no ministério da Fazenda, garantem fontes do governo.