Título: Santos terá três novos terminais
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Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2007, Economia, p. B3
O complexo portuário de Santos, o maior da América Latina, não deve ficar de fora do novo ciclo de investimentos privados nos portos brasileiros. Pelo menos três novos terminais de carga serão construídos no cais santista, cuja operação está muito próxima do limite.
Os novos investimentos, no entanto, terão de ter alguma resposta do governo federal em forma de melhorias nos acessos, seja marítimo ou terrestre, pois a movimentação de carga tende a aumentar ainda mais com os empreendimentos.
Um dos principais projetos é do Grupo Coimex , ao lado da Ilha de Barnabé. Trata-se do Terminal Embraport, que custará US$ 400 milhões e terá capacidade para movimentar cerca de 1,2 milhão de contêineres por ano e 2 milhões de metros cúbicos de álcool, a nova febre do mercado mundial.
A obra também inclui a construção de armazéns cobertos, pátio ferroviário e estacionamento para carreta numa área calculada em 803 mil metros quadrados. Segundo a trading, o empreendimento elevará a capacidade instalada do Porto de Santos em até 10% e deverá durar cerca de sete anos para ser concluído.
Outro grande empreendimento no complexo de Santos envolve o maior passivo ambiental da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), empresa que administra o porto santista. Trata-se do antigo lixão da Alemoa, que caiu nas graças de um conglomerado de empresas nacionais e estrangeiras chamado Brasil Terminais.
Essa área foi arrendada em 2001 para um grupo de seis empresas privadas, mas, por questões ambientais, o projeto não foi adiante. Na época, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) determinou que não só a área arrendada, mas todo o espaço usado como lixão, fosse recuperada. Agora surgiu a Brasil Terminais, que conta com um grupo americano e um europeu, a Europe Terminais.
Segundo o diretor Comercial e de Desenvolvimento da Codesp, Fabrizio Pierdomênico, o grupo assumiu os antigos contratos de Alemoa e deve investir mais de R$ 700 milhões, sendo quase metade dos recursos na recuperação ambiental do espaço. O novo terminal terá dois berços de atracação e movimentará tanto contêineres quanto granéis líquidos. O projeto de saneamento do passivo ambiental deverá ser entregue aos órgãos competentes até novembro. A expectativa é de que a obra dure cerca de cinco anos, afirmou Pierdomênico.
A Alemoa também contará com a construção de mais dois berços de atracação numa área já em operação. Os investimentos serão feitos por empresas que integram a Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTL) e devem somar cerca de US$ 20 milhões.
Segundo o presidente da entidade, Ary Serpa, hoje há apenas quatro berços de atracação no local, sendo um de uso exclusivo da Petrobrás.
Com a construção, diz Serpa, o tempo de atracação dos navios diminuiria consideravelmente. Os terminais receberiam apenas granéis líquidos, como álcool, óleos vegetais e combustíveis. O projeto está em fase de aprovação por parte das empresas, que estão analisando a documentação.
¿Em 60 dias acredito que teremos a minuta assinada pelas companhias envolvidas. A partir daí, a obra precisará passar por licitação pública¿, declarou Serpa.
Os investimentos, no entanto, estão associados a uma contrapartida de abatimentos em taxas portuárias, já que o projeto deveria ser feito pelo governo.