Título: 'Mais abertura do que isso é impossível'
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/04/2007, Economia, p. B1

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, descartou ontem uma abertura maior da economia por meio de corte das alíquotas do Imposto de Importação para reduzir o saldo comercial e contribuir para que o câmbio encontre uma taxa de equilíbrio. Ele argumentou que o câmbio valorizado compensa qualquer alíquota de importação e já funciona como um forte indutor das importações.

¿A economia brasileira já está bastante aberta. Não há nada que impeça uma abertura maior. Basta que os importadores resolvam importar mais, inclusive porque as importações estão crescendo de forma expressiva. Isto é abertura da economia. E com esse câmbio significa que nós estamos barateando os produtos importados¿, disse o ministro. ¿Mais abertura do que isso, impossível.¿

Para a diretora-sênior de ratings soberanos para América Latina da Fitch Ratings, Shelly Shetty, o novo Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro divulgado pelo IBGE no fim de março mostrou que a economia do Brasil é mais fechada do que se pensava. Em entrevista anteontem ao Estado, ela defendeu uma abertura maior do País.

Mantega, no entanto, argumentou que as importações estão crescendo e devem levar a uma redução do superávit comercial brasileiro. ¿Então a economia brasileira é uma economia aberta. É bom que haja saldo comercial, mas ele não precisa ser tão expressivo¿, disse.

Depois de anos de crescimento, a balança comercial brasileira de março apontou uma queda do superávit acumulado nos últimos doze meses, totalizando US$ 45,535 bilhões. As importações apresentaram um crescimento de 27,3% no primeiro trimestre, enquanto as exportações subiram 17,3%

O ministro afirmou que a combinação de vários fatores fará com que o câmbio encontre uma taxa de equilíbrio: crescimento maior da economia que leve ao aumento das importações, reservas maiores e juros menores. ¿Então, vários fatores vão levar a uma taxa de câmbio de equilíbrio, que eu não sei qual é¿, disse. Para ele, o saldo comercial elevado é uma das causas da valorização do real, como apontaram análises técnicas do Banco Central, mas o câmbio também é influenciado pelos juros elevados e pelo bom desempenho da economia.

¿É um país seguro, com risco baixo e os investidores querem vir para cá e aproveitar. E é claro que os juros também influenciam, porque o Brasil oferece rendimentos maiores nas aplicações aqui em relação às aplicações em dólares¿, frisou Mantega.