Título: G-4 quer prazo para concluir Rodada Doha
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/04/2007, Economia, p. B8

Os países da Organização Mundial do Comércio (OMC) tentarão concluir até o final do ano a Rodada Doha, lançada em 2001.

Mas enfrentam pelo menos um grande problema: o governo dos Estados Unidos afirma que não pode se comprometer com nenhum prazo diante da possibilidade de o Congresso americano não dar a autorização necessária, em meados do ano, para que a Casa Branca continue a negociar.

Na quarta-feira, o G-4 (Brasil, Índia, Estados Unidos e União Européia) concluiu três dias de negociações em Paris para preparar o terreno para o encontro ministerial que ocorrerá entre os quatro países em Nova Délhi, na próxima semana. ¿A mensagem de Délhi será a de que temos de acelerar o processo. Uma nova fase das negociações precisa ser aberta e isso é o que ocorrerá na Índia¿, afirmou Clodoaldo Hugueney, embaixador do Brasil na OMC.

Para o Brasil, a rodada precisa estar concluída até o final do ano. ¿É com esse prazo que estamos trabalhando¿, afirmou Hugueney. Durante a reunião em Paris, porém, a própria formulação do calendário se transformou em um problema.

A delegação enviada pela Casa Branca rejeitou qualquer prazo. De fato, a partir de julho, o governo de George W. Bush perderá o poder de se sentar à mesa para negociar tarifas, já que a autorização dada pelo Legislativo termina e não há garantias de que seja renovada.

De volta a Genebra, ainda na quarta-feira, o G-4 tentou passar uma imagem de coesão e de que haveria um sentimento de que seria possível a conclusão do acordo até o final de 2007. O bloco participou de uma reunião convocada com os principais embaixadores e com o diretor da OMC, Pascal Lamy.

O diretor chamou os principais embaixadores para garantir que o processo será retomado em Genebra a partir do dia 23. Muitos diplomatas já estão descontentes com o comportamento de Brasil, Índia, EUA e Europa e exigem que o processo volte a incluir todos os 150 membros da entidade.

Crawford Falconer, presidente das negociações agrícolas, deixou a reunião visivelmente irritado. Durante o encontro, o negociador teria exigido um compromisso maior do G-4 com o processo.

O obstáculo central seria a recusa dos americanos em aceitar um corte de subsídios agrícolas. Da parte dos europeus, não há ainda qualquer sinal de que o bloco esteja disposto a colocar sobre a mesa uma nova oferta de abertura de seu mercado agrícola enquanto não houver um compromisso maior por parte dos EUA.