Título: LAN cobra da Gol dívida da Varig
Autor: Barbosa, Mariana
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/04/2007, Negócios, p. B12
A chilena LAN resolveu cobrar da Gol o empréstimo de US$ 17,1 milhões feito no final de janeiro para a VRG, nome oficial da nova Varig. Pelo acordo com a VarigLog, antiga controladora da VRG, a LAN tinha a opção de converter o empréstimo em ações. Quando anunciou a compra da Varig na semana passada, o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Junior, afirmou que o passivo da LAN ¿não faz parte do balanço¿ da VRG e que o mesmo ¿deve ter sido saldado pelo antigo controlador.¿
Na quarta-feira, porém, a LAN divulgou uma nota em que afirma que não tem interesse em converter o empréstimo em ações, mas que irá cobrá-lo, com juros e correções, da VRG. ¿No momento em que completar sua venda para a Gol, a Nova Varig deverá pagar a LAN o valor de US$ 17,1 milhões, acrescido de juros¿, disse a LAN no comunicado. ¿Temos que levar em conta que a venda não se completou e portanto a LAN mantém seu direito de conversão do empréstimo em participação na Nova Varig.¿
Ontem, por meio de um comunicado, a Gol rebateu a nota da LAN. De acordo com a Gol, ¿não há vínculos entre as duas companhias (LAN e VRG)¿. Além disso, no contrato de aquisição da VRG, ¿há uma declaração e a garantia da VarigLog de que as ações da VRG estavam, no momento da venda, inteiramente livres de qualquer opção ou direito de terceiros¿.
MERCADO
Depois de perder mercado por três meses consecutivos, a TAM reagiu em março e atingiu seu mais alto nível de participação no mercado doméstico. A empresa abocanhou 51,72% do mercado, 7,2 pontos porcentuais a mais do que em março de 2006 e 4,4 pontos a mais do que em fevereiro.
Com esse crescimento, a distância da TAM para sua principal concorrente mais do que dobrou, atingindo 15 pontos porcentuais. Em fevereiro, a TAM estava 7 pontos à frente da Gol. Somada a participação de 4,5% da Varig, empresa adquirida pela Gol na semana passada, a distância entre TAM e grupo Gol está em 10,6 pontos. Em fevereiro, a distância era de apenas 2,5 pontos. Os dados foram divulgados ontem pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
A participação de mercado da Gol foi de 36,58% em março, 3,68 pontos a menos do que em fevereiro. Nem mesmo o acidente do vôo 1904, que provocou a morte de 154 pessoas, fez a empresa perder tantos pontos de mercado. Na comparação com março de 2006, porém, a participação da Gol subiu 6,7 pontos.
Segundo analistas, a crise do setor aéreo atingiu mais fortemente a Gol - que depende mais do passageiro eventual ou de lazer do que a TAM, mais focada no tráfego de negócios.
Apesar da crise, a TAM conseguiu manter a taxa de ocupação de seus aviões em 69%, mesmo patamar de março de 2006 e um ponto acima de fevereiro. Já a Gol viu sua taxa de ocupação cair de 69% para 62% em 12 meses. Na comparação com fevereiro, a queda foi de 6 pontos.
¿A TAM aumentou a oferta de assentos de forma mais equilibrada, enquanto na Gol o crescimento da demanda não acompanhou o aumento da oferta¿, diz o consultor Paulo Bittencourt Sampaio. O consultor, que no início do ano previra que a Gol passaria a TAM até dezembro, mantém sua posição. ¿A Gol continua crescendo mais rápido do que a TAM.¿ Enquanto o setor teve crescimento de 8,9% em março, na comparação com março de 2006, a TAM cresceu 26,5% e a Gol 33,2%.
No mercado internacional, a TAM continua na liderança, com 62,86% de participação em março, considerando apenas as empresas brasileiras - a taxa de ocupação foi de 70%. A Gol, com 18,32%, registrou uma ocupação de 59%. Com 11% do mercado, a Varig teve ocupação de 49%.