Título: CUT teme influência da Força no Trabalho
Autor: Silva, Cleide
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/03/2007, Nacional, p. A13

Ainda digerindo o que considerou uma derrota, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) amenizou o discurso contra a troca do petista Luiz Marinho do Ministério do Trabalho para o da Previdência. Lideranças da entidade, que na quarta-feira correram ao Planalto para pedir a Lula a manutenção de seu ex-dirigente, aparentam resignação, mas mandaram um aviso ao novo titular, Carlos Lupi (PDT-RJ): certas pessoas ligadas à Força Sindical não serão aceitas na equipe, sob risco de conflitos que vão impedir futuros acordos.

A CUT viu a mudança como traição por parte de Lula - a quem sempre apoiou - e do próprio Marinho, que justificou sua atitude dizendo ser um soldado que atende ao comando. Além de não conseguirem convencer Lula, cutistas tiveram de ouvir do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical (candidato a veto pela CUT), que a central mandaria no ministério. Lupi, pressionado, declarou não ser da Força, mas do PDT. E se comprometeu a não aparelhar a pasta com membros da entidade.

¿Desde a posse de Lula a Força tem atirado pedras no governo e nós, ao contrário, o apoiamos em diversas situações, a ponto de ouvir críticas de que nos tornamos uma central chapa-branca¿, desabafou um sindicalista da CUT.

O Ministério do Trabalho abriga dirigentes sindicais do PT. O primeiro não-petista na equipe este mês foi o ex-presidente da Força Luiz Antonio Medeiros, que entrou na Secretaria de Relações do Trabalho no lugar de Osvaldo Bargas, envolvido no escândalo do dossiê Vedoin, que estourou nas eleições de 2006.

Ontem, a presidente em exercício da CUT, Carmen Helena Foro, admitiu insatisfação em relação à decisão de Lula, mas amenizou o discurso. Disse esperar que Lupi mantenha projetos de Marinho, como a política de aumento real do salário mínimo e programas de recolocação profissional e economia solidária. José Lopez Feijóo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, se diz insatisfeito e cobrará continuidade de medidas que considera estarem dando certo e mudanças na forma de arrecadação da Previdência.

Paulinho, evitando novo conflito, disse que a troca foi consenso entre Lupi e Marinho. A indicação de Marinho para o Trabalho no primeiro mandado teve apoio da central rival. Há alguns dias, quando cogitou-se de Marta Suplicy (PT-SP) assumir a pasta, a Força soltou nota de apoio a Marinho, atitude que a CUT não seguiu.

Historicamente, as duas disputam espaço no meio sindical, quase sempre em lados opostos. Atualmente, estão unidas na luta pela manutenção do veto presidencial à Emenda 3 da Super-Receita.