Título: 'Fui curada por João Paulo II', diz freira francesa
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Fonte: O Estado de São Paulo, 31/03/2007, Vida&, p. A34

¿Tudo o que posso dizer é que eu estava doente e agora estou curada.¿ Foram essas as primeiras palavras ditas ontem à imprensa por Marie Simon-Pierre, a freira francesa de 46 anos que supostamente se curou do mal de Parkinson por intercessão do papa João Paulo II.

O presumido milagre faz parte do dossiê do processo de beatificação do papa polonês, que será analisado pela Congregação para a Causa dos Santos, do Vaticano. Uma vez beato, João Paulo II estará a um passo de ser santo - bastará a comprovação de um segundo milagre.

A freira, que trabalha em Paris, contou que sofreu do mal de Parkinson - a mesma doença que afetava João Paulo II - durante quatro anos. Ela teria se curado em junho de 2005, dois meses depois da morte do papa. ¿João Paulo II me curou. Foi obra de Deus, graça a sua intercessão¿, disse ela.

Marie, no entanto, evitou falar em milagre. ¿Não posso dizer o que senti realmente. Foi muito forte, muito grande para explicar com palavras. Eu estava doente e me curei. Agora cabe à Igreja reconhecer se foi ou não um milagre.¿

Segundo a freira francesa, o médico que a atendia custou a acreditar na cura repentina. ¿Ele me disse: `Irmã, o que a sra. fez para ficar assim? Dobrou a dose de dopamina?¿¿, lembrou Marie, referindo-se ao remédio que ela precisava tomar. Um psiquiatra e três neurologistas confirmaram a cura, segundo o médico dela.

Como súplica extrema, a madre superiora de Marie sugeriu que ela escrevesse em um pedaço de papel o nome de João Paulo II. O resultado foi um garrancho, por causa dos tremores decorrentes do mal de Parkinson. Horas depois, quando ia dormir, a freira sentiu vontade de escrever de novo. A letra dessa vez saiu completamente legível.

¿Vi minha mão deslizando sobre a folha de papel. Antes eu mal conseguia segurar a caneta¿, contou ela, acrescentando que sempre orou a João Paulo II pedindo a cura. A Igreja ensina que os católicos podem rezar às almas para que intercedam por eles a Deus.

Apesar da timidez diante das câmeras, a irmã Marie Simon-Pierre explicou que fazia questão de receber a imprensa porque João Paulo II nunca evitou os jornalistas. ¿Ele jamais fugiu das câmeras. Isso me deu força¿, afirmou.

O processo de canonização está avançando mais rápido que o usual, por determinação de Bento XVI. A norma é esperar cinco anos após a morte para que se inicie o processo.