Título: Importação de US$ 9,5 bilhões é recorde
Autor: Brandão Junior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/03/2007, Economia, p. B4

As importações bateram recorde em março. Projeção da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) indica que as compras feitas pelo Brasil no exterior somaram pouco mais de US$ 9,5 bilhões - maior valor até hoje registrado num mês -, favorecidas pelo câmbio valorizado. Apenas no ano passado, o crescimento de importações por parte das empresas chegou a 524,95%, na comparação com o ano anterior.

O resultado oficial da balança comercial será divulgado segunda-feira pela Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

¿Os valores diários ao longo de março permitem estimar que este será recorde absoluto mensal para o País¿, diz o vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro. O maior valor, até então, havia sido o de agosto, de US$ 9,1 bilhões.

Castro explica que o resultado será surpreendente principalmente porque o mês de março não é forte em importações. ¿A indústria ainda não está com produção à plena carga. Isso acontece mais nos meses de julho, agosto, setembro e outubro¿, explica. O fato é que a evolução das médias diárias das importações está muito ¿sólida¿: US$ 385 milhões em janeiro, US$ 401 milhões em fevereiro e US$ 440 milhões em março.

Provavelmente, as importações crescerão ao menos 30% este mês ante março de 2006. No primeiro trimestre, o crescimento das compras no exterior está pouco acima dos 25%, enquanto as exportações avançam 14%.

De forma geral, explica o vice-presidente da AEB, o câmbio estimula as empresas a substituir produção local por importações, principalmente de insumos, mas até mesmo de bens finais. Além disso, as compras já programadas acabam saindo mais baratas em reais.

EMPRESA

Um levantamento feito pelo Estado com base nos dados da secretaria mostra que 32 empresas mais do que duplicaram as importações no ano passado. No grupo, aparecem companhias dos setores de eletroeletrônicos, metais, eletrodomésticos e trading companies (empresas de comércio internacional), entre outras. O maior crescimento é o de 524,95% da AmBev, cujas importações saltaram de US$ 26,2 milhões em 2005 para US$ 164 milhões no ano passado.

A empresa de bebidas informa que o expressivo crescimento decorre de dois motivos. Com a quebra da safra no Sul do País, foi preciso importar malte da Argentina e do Uruguai. Além disso, a companhia iniciou a compra de máquinas e equipamentos que serão utilizados nas expansões das linhas de produção. A AmBev planeja investir R$ 5 bilhões no aumento da capacidade de produção entre 2007 e 2011, para atender ao crescimento do mercado.

A expansão da demanda interna, que varia conforme o setor, e as melhores condições geradas pelo câmbio explicam, de forma geral, o aumento de importações.

No ranking de maiores expansões de importação da Secex também se destacam a Gerdau Aços Longos (471,83%), Maua Jurong (368,29%), Refinaria Petróleo Ipiranga (361,82%), Brasil Mundi Exportação e Importação (344,64%), PPE Invex Produtos Padronizados e Especiais (343,22%), Caoa Montadora de Veículos (297,21%), Wobben Windpower Indústria e Comércio (267,78%) e a Comexport Companhia de Comércio Exterior (230,14%).

Há também empresas de aparelhos celular, como a Nokia, com crescimento de importações de 153,15%, a varejista Wal-Mart Brasil (147,74%), a Positivo Informática (139,13%)e a MRS Logística (106,71%).