Título: Financiamento da CSN foi o melhor negócio brasileiro
Autor: Moraes, Marcelo de
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/04/2007, Nacional, p. A15
O melhor negócio fechado pelo Brasil durante a Segunda Guerra Mundial foi a obtenção de financiamento junto aos Estados Unidos para criar a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
Em troca, o governo brasileiro franqueou aos americanos o direito de usar bases militares no Nordeste, para ter maiores possibilidades de operação na região do Atlântico Sul.
Não foi um negócio casual. O presidente Getúlio Vargas já queria desenvolver a indústria de base nacional desde o início da década de 30, considerando o assunto uma questão estratégica para o Brasil.
Para isso, o governo precisava, claro, de muitos recursos. Vargas já tinha na cabeça o lugar onde conseguir esse dinheiro.
No documento do Conselho de Segurança Nacional, de 6 de setembro de 1939, onde são passadas as diretrizes gerais sobre o período de guerra aos ministérios, já aparece a intenção de conseguir recursos com os Estados Unidos para isso.
Nas diretrizes para a 'política financeira', aparece no item F a proposta para obtenção de empréstimo.
Diz o texto: 'Estudar a forma e as condições de obtenção de um empréstimo ou de um crédito especial nos Estados Unidos, no valor dos orçamentos destinados à criação da siderurgia pesada no Brasil, ao aparelhamento da Estrada de Ferro Central do Brasil e do porto do Rio de Janeiro para a exportação de minérios, matérias-primas e demais produtos brasileiros reclamados pelo consumo mundial'.
IRONIA
O empréstimo, porém, ainda demorou três anos para ser fechado e acabou sendo usado dentro das negociações feitas pelos Estados Unidos para que o Brasil fizesse parte das tropas aliadas na Segunda Guerra Mundial.
Ironicamente, a usina de Volta Redonda foi inaugurada apenas em 1946, quando Vargas já tinha caído e o presidente do Brasil era Eurico Gaspar Dutra.
Pior: para Vargas, não houve nem convite, nem uma citação sequer no discurso de inauguração da usina.