Título: `Tudo, menos Sarkozy¿ vira lema de campanha
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/04/2007, Internacional, p. A23

Fora da superexposição na mídia, os sinais de que uma campanha presidencial disputadíssima chegará a seu ápice em sete dias são escassos em Paris. É apenas em pontos específicos da capital, como em uma escola primária municipal em Montparnasse, que podem ser afixados cartazes com os rostos dos candidatos, com autorização da legislação eleitoral. Entre os cartazes, é difícil encontrar um em que o rosto de Nicolas Sarkozy não tenha os olhos perfurados ou não esteja pichado.

Ex-ministro do Interior, presidente da União por um Movimento Popular , candidato à presidência, líder de todas as pesquisas e cada vez mais ícone do conservadorismo europeu, Sarkozy é o homem a ser batido por seus 11 oponentes no próximo domingo. Em torno desse objetivo, políticos e eleitores que o rejeitam, em qualquer corrente ideológica, reúnem-se em um movimento nascido de forma espontânea: ¿Tout sauf Sarkozy¿ - ou ¿Tudo, menos Sarkozy¿.

Tão forte quanto sua aprovação pública, a rejeição ao ex-ministro não é indicada de forma direta pelos institutos de pesquisa, que não investigam esse quesito na França. Dois elementos, entretanto, permitem diagnosticar a desconfiança dos franceses em relação a Sarkozy: depois do presidente da Frente Nacional e candidato ultraconservador Jean-Marie Le Pen, é ele o político que mais ¿inquieta¿ a França. Assim pensam 52% dos entrevistados pelo instituto Ifop. O outro ponto: a transferência de votos entre seus adversários Ségolène Royal, do Partido Socialista, e principalmente François Bayrou, da União pela Democracia Francesa, indicam um 6 de maio (segundo turno) parelho ou favorável à oposição.

¿Tudo, menos Sarkozy¿ é hoje o principal elemento da campanha à presidência. ¿Esse movimento indica a rejeição ao ex-ministro, a força de Bayrou - caso passe ao segundo turno - e a fraqueza da campanha de Ségolène, incapaz de atrair para si o sentimento popular¿, explica Jérome Fourquet, analista do Ifop.

Sarkozy é admirado por sua competência e sua posição firme. Mas é tido como arrogante ao extremo, intransigente e cada vez mais conservador.

¿Sarkozy tem um jeito às vezes truculento que se soma à sua gestão dura no Ministério do Interior. Não há uma posição intermediária a seu respeito. Quem o aprecia, lhe oferece o voto. Quem o rejeita, está entre os que votariam em qualquer um, salvo Le Pen, para derrotá-lo¿, diz Pierre Giacometti, diretor-geral do instituto de pesquisa Ipsos.