Título: Na Barão, homem-placa ganha espaço de fachadas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 15/04/2007, Economia, p. B4

A Rua Barão de Itapetininga, no centro de São Paulo, concentra um alto número de desempregados por metro quadrado. Diariamente, recebe milhares de pessoas interessadas nos anúncios de emprego que se espalham em cartazes colados em postes, árvores e murais. Lá também estão instaladas dezenas de agências recrutadoras de mão-de-obra.

Desde o início de janeiro, no entanto, um grupo de pessoas que freqüenta o local não tem se preocupado tanto em encontrar trabalho. São os homens-placa que, com a entrada em vigor da Lei da Cidade Limpa, ganharam o espaço antes reservado às fachadas das lojas da rua. 'Com medo da fiscalização, muitos lojistas não estão emprestando as paredes para colar os anúncios', explica Fabiana Ferreira, da Jooy Recursos Humanos, com escritório na região. Contratar mais plaqueiros para expor os anúncios acaba sendo a solução.

No cartaz que leva sobre os ombros, o aposentado José Trajano, 64 anos, oferece vagas para operador de telemarketing, ferramenteiro e recepcionista. Mas poderia trazer também oportunidades para os homens-placa. Segundo ele, a procura por plaqueiros tem aumentado nos últimos meses. 'Por enquanto, está bom pra gente', conta ele, que trabalha na rua desde 2003. A maioria deles é aposentada e recebe, em média, R$ 40 por dia.

Além de apostar nos plaqueiros, as agências de emprego espalham cartazes no chão do calçadão e em murais improvisados no meio do rua. O método das caixas também é comum. Interessados nas vagas depositam currículos em caixas de papelão distribuídas ao longo da rua, que são recolhidas no final do dia.

A estudante Carla Ferreira, de 17 anos, testou o método anteontem. Desempregada há um ano, ela vai com freqüência à região em busca de trabalho. Ainda não conseguiu a vaga de vendedora que deseja. 'Mas não perco a esperança.'