Título: BNDES aguarda definição de Lula
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/04/2007, Economia, p. B10

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve decidir somente na próxima semana o nome do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento, Econômico e Social (BNDES). A escolha gira em torno de quatro ou cinco nomes, segundo fontes do governo. Os mais prováveis são Gustavo Murgel, o preferido do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, e o economista Luciano Coutinho, lembrado pelo próprio presidente.

Fontes do governo não descartam a permanência de Demian Fiocca, que discretamente esteve ontem em Brasília. Mas pessoas próximas a Miguel Jorge dão como certa a saída de Fiocca, embora não descartem sua participação em outro cargo do governo.

O ministro pretendia tratar do assunto ontem com Lula, mas a conversa não aconteceu por problemas na agenda do presidente. Miguel Jorge, que embarcou no inicio da noite para São Paulo, só retorna a Brasília na terça-feira. Lula embarca para a Venezuela na segunda-feira e também volta na terça.

A escolha do presidente do banco gerou uma disputa interna entre os Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento. Fontes ligadas ao ministro Guido Mantega avaliam que Miguel Jorge chegou 'de salto alto' ao fazer questão de deixar público que a escolha seria somente sua e do presidente Lula.

Por outro lado, na semana passada, quando esteve com Mantega, Miguel Jorge deixou claro que o Ministério do Desenvolvimento, embora parceiro da Fazenda, comandará a definição de uma política industrial. Sempre que questionado se Mantega tem participado da decisão sobre o futuro do BNDES, Miguel Jorge tem sido enfático na negativa.

O ministro do Desenvolvimento encontrou Fiocca no Rio, anteontem, com Lula, mas não tocou no assunto, segundo fontes, num sinal de que não faz questão de desfazer qualquer mal-estar que possa ter sido gerado pela 'demissão' de Fiocca pela imprensa nos últimos dias.

Gustavo Murguel trabalhou no Santander até julho de 2006, instituição da qual também saiu Miguel Jorge. Aos que defendem a permanência de Fiocca no cargo argumentando que Murgel não teria sensibilidade para administrar o banco estatal, por ser do mercado financeiro, Miguel Jorge tem rebatido com a afirmação de que Fiocca trabalhou no HSBC e, portanto, também é um homem do mercado financeiro presidindo o BNDES.

O economista Luciano Coutinho, da LCA Consultores, embora um nome do presidente, tem bom trânsito na Fazenda e não encontra resistências no Ministério do Desenvolvimento.