Título: Objetivo de Cabral é liberar PMs
Autor: Nossa, Leonêncio e Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/04/2007, Metrópole, p. C3

O governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) levantou a proposta de uma ¿parceria¿ do Rio com as Forças Armadas, manobra jurídica que permitiria aos militares tomar parte em algumas ações de segurança ostensiva sem assumir diretamente o controle do setor, conforme exige a legislação. ¿A idéia é fazer de forma integrada. Queremos o Exército nas ruas, no patrulhamento ostensivo. Quem sobe favela e faz incursões é a polícia, que faz muito bem. A polícia também faz bem o trabalho ostensivo, mas o fato é que não temos gente! E não temos a capacidade orçamentária de contratar mais¿, disse secretário-chefe da Casa Civil, Régis Fichtner.

Segundo o secretário, uma proposta do governo será empregar os militares em vias como as Linhas Vermelha e Amarela, a Avenida Brasil e rodovias como Dutra e Niterói-Manilha. Eles e as polícias estaduais manteriam comandos independentes. A idéia será apresentada à cúpula das forças na próxima segunda. Anteontem, porém, comandantes militares revelaram ao Estado que assumir o policiamento de vias expressas é justamente o que eles não querem fazer.

O Estado pediu socorro federal por um ano por estimar que não terá dinheiro para, nesse prazo, contratar policiais em número suficiente para combater o crime - a estimativa é de que, hoje, faltem 5 mil agentes. Dos 39 mil policiais militares do Estado, só 9 mil trabalham na capital.

Cabral e Fichtner viajaram anteontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para Brasília. No avião presidencial, a conversa não passou pela possibilidade de quebra da autoridade estadual. Cabral está certo de que a medida será evitada por Lula.

O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, confirmou que são necessários mais 5 mil homens para suprir a carência de policiamento ostensivo. Mas nem a Secretaria da Segurança nem o comando da Polícia Militar informam os resultados do decreto do primeiro mês do governo, que determinava em 30 dias a reapresentação de PMs cedidos a outras instituições. Policiais ouvidos pelo Estado estimam o efetivo nessas condições em cerca de 3 mil.

Para o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social, Cabral adotou uma estratégia política de alto risco. ¿Fica parecendo que é mais fácil colocar o Exército do que pôr policiais em serviço burocrático para trabalhar. É uma fuga para a frente.¿