Título: Lula adia decisão e diz que Exército não é solução
Autor: Nossa, Leonêncio e Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/04/2007, Metrópole, p. C3

Admitindo que ¿o Exército não vai resolver o problema (de violência) no Rio¿, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva transferiu para segunda-feira a decisão sobre como o governo federal atenderá ao pedido do governador Sérgio Cabral (PMDB) para usar as Forças Armadas no policiamento ¿ostensivo e de natureza preventiva e repressiva¿ no Rio. Vão participar da reunião de segunda, no Rio, os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica e chefes na área do Comando Militar do Leste.

No Rio, Cabral já dava como certa a participação dos militares no policiamento. ¿A questão constitucional já está resolvida, porque a questão constitucional é garantir segurança à população. As firulas jurídicas estão sendo deixadas de lado, estamos tratando é de uma parceria efetiva.¿ Mas ele negou que vá ceder o comando das polícias às Forças Armadas.

Na reunião de ontem entre Lula, os ministros Waldir Pires (Defesa) e Tarso Genro (Justiça) e os comandantes Enzo Peri (Exército), Juniti Saito (Aeronáutica) e Júlio Soares (Marinha), surgiram dúvidas sobre a constitucionalidade do pedido de Cabral. Os assessores militares notaram que o governador redigiu o pedido sem se declarar incapaz de resolver o problema da criminalidade, exigência da Constituição.

Lula orientou Pires e Genro a levantarem estimativas de gastos e a discutirem com Cabral empecilhos legais e práticos ao uso das Forças Armadas. ¿O pedido deve ser atendido dentro do possível e do razoável¿, disse, segundo um participante do encontro. ¿Há risco de se criar uma expectativa na população que não pode ser atendida.¿

O porta-voz do Planalto, Marcelo Baumbach, entrou em contradição sobre a posição do governo. ¿Não existe definição¿, disse, respondendo a uma pergunta sobre se as Forças Armadas iriam para as ruas do Rio. Em seguida, diante da pergunta se a cooperação iria ocorrer, disse: ¿Isso está certo.¿

Apesar das resistências, a presença das tropas nas ruas não traria problemas de logística, se fosse num período curto. E Lula vê com bons olhos a possibilidade de atender ao aliado.