Título: Chinaglia quer 82% de aumento para Lula e ministros
Autor: Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2007, Nacional, p. A7

O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), defendeu ontem aumento de 82,8% no salário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pela proposta, a remuneração de Lula passaria de R$ 8.885,48 mensais para R$ 16.250,42, que é novo valor proposto para os salários dos deputados e senadores. Além do vencimento de presidente, Lula recebe cerca de R$ 4,5 mil de aposentadoria. Os salários do vice-presidente, José Alencar, e dos ministros, de R$ 8.362,80, também terão reajuste na mesma proporção.

'Achamos mais do que razoável o presidente Lula ganhar igual a deputados e senadores. Mas é consenso que devemos consultar o Executivo para não causar nenhum problema', afirmou Chinaglia, depois de reunião de mais de três horas com integrantes da Mesa Diretora da Câmara. Ficou decidido que, assim que a pauta da Câmara for desobstruída, será apresentado projeto para reajustar em 26,49% os salários dos parlamentares. Hoje eles recebem R$ 12,8 mil e passariam a ganhar R$ 16,2 mil, o que corresponde à reposição da inflação dos últimos quatro anos.

'A proposta de aumento do salário do presidente da República pode ser apresentada no mesmo momento', observou Chinaglia.

Por seis votos contra e apenas um favorável, os integrantes da Mesa decidiram engavetar a proposta de reajuste da verba de gabinete, que saltaria dos atuais R$ 50,8 mil para R$ 65,1 mil mensais. Esse dinheiro é usado pelos deputados para pagar funcionários do gabinete. 'Se vamos reajustar os salários dos parlamentares, deveríamos aumentar também o salário dos funcionários', argumentou o deputado Ciro Nogueira (PP-PI).

Essa verba é destinada ao pagamento de até 25 funcionários por gabinete - com salários que variam de R$ 601 a R$ 8.040.

Segundo secretário da Câmara, Ciro foi o autor da proposta de reajuste e único a votar ontem a favor do aumento. 'Não vai haver alteração em nenhuma das verbas, nem de gabinete, nem indenizatória', garantiu Chinaglia. A maioria dos integrantes da Mesa era favorável ao reajuste da verba de gabinete, mas voltou atrás depois da má repercussão junto à opinião pública. Anteontem, os líderes partidários foram unânimes em vetar o aumento.

Há 20 dias, a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara aprovou proposta que permitia o uso de parte da verba indenizatória, hoje de R$ 15 mil mensais, sem a necessidade de apresentação de notas fiscais. Na mesma sessão da comissão, foi aprovado também o aumento do salário do presidente, do vice e dos ministros, de acordo com a inflação dos últimos quatro anos. Pela proposta, o salário de Lula sairia dos atuais R$ 8,8 mil para R$ 11.239,24 mensais. Mas ontem, na reunião da Mesa, Chinaglia defendeu a equiparação do salário de Lula ao dos parlamentares.