Título: 'Bomba atômica de Teerã não é iminente'
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2007, Internacional, p. A11

Quais são as evidências de que o Irã está blefando? Em 21 de fevereiro, a AIEA divulgou um relatório sobre a central de Natanz e disse que o Irã havia instalado duas cascatas com 164 centrífugas cada e estava perto de instalar outras duas. Havia um total de 656 centrífugas. Ir desse número para 3 mil em seis semanas é impossível para um país iniciante no campo de enriquecimento de urânio.

Quanto tempo o Irã levaria para fabricar uma bomba?

Todos os especialistas concordam que se o Irã tivesse 3 mil centrífugas operando sem problemas, poderia produzir urânio altamente enriquecido para uma arma nuclear em 6 a 11 meses. Mas, no cenário de hoje, seria necessário instalar as centrífugas, fazê-las operar adequadamente e produzir quantidade suficiente de urânio altamente enriquecido. Se tudo corresse bem, levaria entre 2 e 3 anos.

O Irã tem dificuldades tecnológicas para ampliar seu programa?

Sim, tem enfrentado vários problemas técnicos com as centrífugas. A principal evidência disso, como indicou a AIEA, é que o Irã está operando as cascatas apenas intermitentemente. Qualquer engenheiro diria que essas cascatas deveriam trabalhar continuamente, por meses, para testar sua durabilidade antes do início de uma operação em escala industrial. Além disso, essas duas cascatas não estão conectadas, são testadas separadamente, o que representa uma dificuldade técnica.

O Irã pode produzir urânio altamente enriquecido com essa tecnologia?

O equipamento e a tecnologia para produzir urânio enriquecido a 3,5% e 5% para um reator e o enriquecido a 90% para uma bomba são os mesmos. Para chegar a 90% o gás de urânio enriquecido precisa passar pelas centrífugas mais vezes. O Irã demonstrou que pode enriquecer mínimas quantidades de urânio e, por causa das dificuldades técnicas, ainda não pode produzir urânio nem para um reator nem para uma arma.