Título: Irã rejeita dúvidas sobre programa
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Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2007, Internacional, p. A11
O Irã rejeitou ontem as dúvidas e o ceticismo manifestados por alguns países e especialistas sobre os avanços de seu programa de enriquecimento de urânio. O principal negociador nuclear do Irã, Ali Larijani, disse ontem: ¿Se eles (os ocidentais) têm dúvidas, então por que nos pressionam por causa de nosso programa nuclear?¿
Larijani se referia ao anúncio feito na segunda-feira pelo presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, de que o Irã havia alcançado capacidade de produzir urânio em escala industrial, para o que necessitaria de pelo menos 3 mil centrífugas em funcionamento. O anúncio provocou suspeitas de que o Irã estaria exagerando sua capacidades nuclear para ter mais poder de barganha num possível acordo com a ONU sobre seu programa de enriquecimento de urânio.
Fontes ligadas à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) consideraram improvável que o Irã possa produzir urânio em escala industrial por causa de uma série de problemas que ocorreram com as primeiras centrífugas instaladas em nível experimental na central de Natanz (leia ao lado). A Rússia, parceira do Irã na construção de um reator em Bushehr, declarou que não dispõe de informações que confirmem ¿qualquer grande avanço tecnológico¿ iraniano.
¿Talvez eles (os ocidentais) achem que precisamos de mais tempo para atingir a escala industrial, mas por causa dos esforços de nossos especialistas já atingimos esse estágio¿, declarou ontem Mohammad Saidi, vice-chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, a um site iraniano. Nenhum funcionário iraniano confirmou se realmente foram instaladas as 3 mil centrífugas na central subterrânea de Natanz.
¿Há muitas dúvidas sobre se realmente há 3 mil centrífugas. Provavelmente obteremos mais informações nos próximos dias, quando os inspetores da AIEA visitarem Natanz¿, disse o vice-ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Gernot Erler, a uma rádio alemã.
Dois inspetores da agência da ONU iniciaram ontem uma visita de uma semana ao Irã para examinar as instalações nucleares iranianas e a central de Natanz, onde estariam instaladas as 3 mil centrífugas.