Título: Perseguição marca 5 anos do golpe
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Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2007, Internacional, p. A19
Cinco anos após a tentativa frustrada de derrubá-lo, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, quer punir membros da oposição que teriam participado do golpe. O governo deve celebrar na sexta-feira o fracasso do movimento, mas a Justiça venezuelana já começou sua ofensiva contra os opositores. Na segunda-feira, 27 opositores foram impedidos de deixar o país. Procuradores querem investigar alegações de que líderes da oposição teriam participado do golpe ao assinar um decreto no qual o presidente interino Pedro Carmona suspendeu a Constituição e dissolveu o Congresso.
Por seu lado, grupos de oposição se reuniram para exigir a punição dos responsáveis pela repressão de uma marcha de milhares de manifestantes anti-Chávez, que causou a morte de pelo menos 19 pessoas e deu início ao levante.
Em reação às mortes - supostamente causadas por franco-atiradores chavistas -, oficiais rebeldes do Exército prenderam Chávez na manhã de 12 de abril de 2002. Apesar do novo governo venezuelano ter sido reconhecido na época pelos EUA, partidários de Chávez saíram as ruas exigindo o seu retorno em manifestações violentas que causaram a morte de cerca de 30 pessoas. Menos de 48 horas após ter deixado o palácio, Chávez reassumiu com o apoio de militares leais a ele.
A Suprema Corte venezuelana já autorizou um pedido para extraditar Carmona, atualmente asilado na Colômbia. O candidato presidencial derrotado por Chávez em dezembro, Manuel Rosales, criticou a ¿caça às bruxas¿ liderada pelo governo. Segundo ele, Chávez havia assinado uma carta de renúncia após a repressão à oposição em 2002. O presidente venezuelano sempre rejeitou a tese da renúncia.