Título: Fala de Lula provoca críticas de empresários
Autor: Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2007, Economia, p. B4

Empresários que estiveram ontem em Brasília para defender uma agenda de prioridades que levem ao desenvolvimento sustentado do País reagiram à declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que quando se encontra individualmente com empresários não ouve críticas à política econômica e sim que os negócios estão indo bem. Em discurso na segunda-feira, durante a abertura da Feira Internacional de Autopeças (Automec), em São Paulo, o presidente Lula disse que as reclamações dos empresários só ocorrerem quando falam por meio de suas associações.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, disse que Lula deveria compreender que entidades empresariais dão voz ao conjunto das empresas e que nem todas estão bem. 'Acho que o presidente deveria compreender que é natural que entidades possam vocalizar interesses do conjunto do setor empresarial e não de empresas isoladamente.'

Segundo ele, há setores empresariais que inquestionavelmente vão bem. 'Há grandes empresas que têm tido resultados impressionantes do ponto de vista de retorno e de lucro. O mercado de capitais vive também um bom momento no Brasil, basta ver a quantidade de lançamentos de ações que estão ocorrendo', destacou.

Ele ponderou que essa não é a realidade de todos. 'Há setores que vão mal e enfrentam dificuldades, sobretudo as médias e pequenas empresas por causa da competição com o produto importado, por causa da alta carga tributária, do custo do financiamento ainda elevado e do excesso de burocracia.'

Avaliação semelhante fez o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, coordenador geral do movimento Ação Empresarial, encarregado da elaboração da agenda. 'Essa dualidade existe sim, mas acho que não cabe uma crítica.' E justificou: 'Individualmente o empresário brasileiro demonstra capacidade e criatividade de enfrentar problemas, mas é preciso reconhecer que existem problemas macro que devem ser enfrentados por toda a sociedade e é neste sentido que as entidades empresariais devem reclamar.'

Os empresários do movimento Ação Empresarial, que representam seis confederações, sete federações e 42 entidades, apelaram aos políticos para que votem propostas de interesse do desenvolvimento do País, superando diferenças partidárias e a duração de seus mandatos. Documento intitulado Agenda de Princípios para o Brasil foi entregue ao presidente do Senado, Renan Calheiros, e ao presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia.